Zaanse Schans: como conhecer por conta uma típica vila holandesa com moinhos, queijos e tamancos
Foram seis dias ensolarados na Holanda. Nem na minha mais remota ilusão esperava um presente como esse num país conhecido pelos seus arroubos climáticos. Se você tiver a mesma sorte, corra para Zaanse Schans, um vilarejo a 20 quilômetros de Amsterdam que confirma tudo o que seu imaginário espera daqui: moinhos, casinhas típicas, vaquinhas malhadas, fábrica de queijo e tamancos.
Não significa que se o tempo estiver fechado você não deva visitar o lugar, mas um dia de sol transforma consideravelmente a experiência uma vez que o passeio é praticamente todo externo. (Lembra o nosso post do belíssimo Parque Histórico de Carambeí? Então, o local foi todo inspirado em Zaanse Schans!)
A região como você vê hoje começou a nascer no século 19, mas somente nas décadas de 60 e 70 é que o cenário foi montado com construções originais do período industrial, incluindo aí os moinhos — todos históricos.
Apesar do espaço funcionar mais ou menos como um parque temático ao ar livre, as casinhas de madeira com arquitetura nacional são autênticas. É um clichê recorrente chamar Zaanse Schans de museu a céu aberto — como se tudo aqui fosse de enfeite — mas muitas pessoas moram e trabalham aqui.
A pequena Zaanse Schans, para ser mais exata, é considerada um bairro da cidade de Zaandam. Chegar aqui é tão fácil quanto conhecer qualquer outra atração turística da capital.
COMO IR DE AMSTERDAM A ZAANSE SCHANS
ÔNIBUS
A linha 391 da empresa Connexxion sai da estação central (Centraal Station) de Amsterdam. Vá para os fundos da estação e suba as escadas. Há placas indicativas. Confira a plataforma exata nos painéis eletrônicos. Quando eu fui saiu da “E”. A viagem dura 45 minutos e custa € 5. Crianças até 11 anos pagam € 1.
A passagem pode ser comprada diretamente com o motorista. O ônibus para em frente à entrada principal da vilinha. A volta é no mesmo ponto, porque dali ele segue para Amsterdam numa linha circular.
O cartão I Amsterdam Card não dá direito a essa viagem, uma vez que ele cobre somente o transporte operado pela GVB (e os ônibus são da Connexxion). No entanto, existe um tíquete chamado Amsterdam & Region Travel Ticket que dá direito a viagens ilimitadas por 24 horas de ônibus, metrô e bonde para Zaanse Schans, Haarlem, Volendam e Keukenhof.
O passe custa € 13,50. Se você adquirir junto com seu I Amsterdam Card sai por € 10. Importante: o Amsterdam & Region Travel Ticket não é válido nos trens. Veja o mapa da rota. Mais informações sobre a linha 391 aqui: www.bus391.nl
TREM
Muita gente prefere o trem porque ele, supostamente, é mais rápido. De fato, o comboio, que também sai da estação central (Centraal Station), em 18 minutos chega a Koog-Zaandijk, a parada mais próxima de Zaanse Schans. O detalhe é que daqui é preciso andar mais 20 minutos para chegar à atração.
Para mim, o ônibus — embora pouca coisa mais caro — foi mais prático, para na porta e ainda leva quase o mesmo tempo final. A passagem de trem custa € 3,10. Veja os horários e preços atualizados no site da NS, a empresa ferroviária holandesa.
CARRO
Se você estiver motorizado nada que o Google Maps ou o aplicativo Waze não possa fazer por você. Coloque no navegador o endereço Schansend 7 (Zaandam) ou digite diretamente Zaanse Schans. O estacionamento custa € 9 a diária.
O QUE FAZER EM ZAANSE SCHANS
A entrada em Zaanse Schans é gratuita. Como eu fui de ônibus desci praticamente em frente ao centro de informações do Zaans Museum. Aqui você pode adquirir um mapinha do lugar em vários idiomas.
Algumas das casinhas da rota são, na verdade, pequenos museus temáticos (alguns cobram para entrar) ou lojinhas que fabricam queijo, estanho, chocolate, pães e até os tradicionais tamancos holandeses.
Não dá exatamente para dizer comece por aqui ou vá por ali. São várias ruazinhas e cada uma leva você a um determinado lugar. O melhor de Zaanse Schans, aliás, são as paisagens fofíssimas que a gente encontra pelo caminho — cada revorteio, um flash! 😀
Moinhos
São 11 moinhos históricos com um significado especial (entre tantos espalhados pela região). Seis estão abertos à visitação por € 4 cada (criança paga € 2). Quem tiver o I Amsterdam Card tem direito a subir em um deles gratuitamente.
O De Kat, por exemplo, foi construído em 1664 e até hoje produz tintas e pigmentos de alta qualidade que são fornecidos para os artistas e restauradores de todo o mundo.
Já o De Huisman há mais de 200 anos é especializado em temperos frescos. Além de poder observar a moagem, no interior do moinho é possível encontrar uma loja deliciosamente aromática com painéis informativos e degustação de especiarias, incluindo a tradicional mostarda Zaanse Schans, que também está à venda no local.
O De Zoeker estava praticamente em ruínas quando foi totalmente restaurado. Já produziu tinta e cacau e hoje trabalha com óleo. Logo na entrada fica esse simpático músico tocando canções tradicionais holandesas. Eu havia visto uma foto dele no site oficial de Zaanse Schans e nem imaginava que pudesse encontrá-lo ali. Digamos que o senhorzinho faz parte da atração.
O moinho Het Jonge Schaap tem intensa produção de serraria e uma característica pra lá de especial: é o único com acessibilidade para pessoas com dificuldades de locomoção.
Museus
Além do imponente e moderninho Zaans Museum (que conta toda a história da pequena vila), seis dessas casinhas típicas abrigam pequenos museus, alguns com respectivas lojinhas. Temos o museu do pão, dos moinhos, dos relógios e até uma casa que retrata como vivia uma antiga família de comerciantes do século 19.
O Albert Heijin Museum, por exemplo, mostra com mobiliário original e produtos antigos como era a velha mercearia que acabou se transformando numa instituição na Holanda.
Lojas e fábricas
A queijaria Catharina Hoeve, réplica de uma tradicional fábrica de queijo, recepciona os visitantes com funcionários em trajes típicos — além de oferecer diversas degustações gratuitas. A equipe está disponível para tirar todas as dúvidas sobre as diferenças entre os vários tipos e formatos de queijo. Uma variedade imensa está à venda. Entrada gratuita.
Outra atração disputada é a fábrica de tamancos, os famosíssimos sapatos típicos holandeses. Todos os dias, em vários horários, há demonstração de como é feito um dos maiores ícones do país.
Um pedaço de madeira aliado à habilidade do artesão e em poucos minutos um tamanquinho aparece na sua frente. O local tem uma loja enorme cheia de souvenires e, obviamente, muuuitos tamancos de todas as cores e tamanhos. Entrada gratuita.
Dentro de uma dessas casinhas sai um cheiro inebriante de cacau. É a CocoaLab, fábrica de chocolate, onde pude acompanhar a demonstração de como era feita essa delícia com método e utensílios do século 18.
Zaanse Schans também abriga uma fábrica de licor e uma das últimas casas de fundição de estanho da Holanda.
Gente, cêis viro a grandeza disso? Zaanse Schans é muito amor, um passeio completo e redondo por toda a memória e identidade do país sem qualquer esforço ou investimento absurdo. (Eu ainda espero ter tempo de estudar as mentes intrincadas que dizem “nóóóssa, mas é muito turístico!”) Ah, vá! E cê veio fazer o que mesmo aqui na Europa, bein?
Passeio de barco
Não fui por preguiça. Como no dia anterior eu já havia feito um cruzeiro pelos canais de Amsterdam, me dei por satisfeita. Mas como não se trata de um passeio caro (€ 6 adulto e € 3 criança), talvez seja bacaninha dar uma voltinha pelo rio Zaan e ver toda a região por outro ângulo.
A empresa Rederij De Schans opera o tour. Os barcos saem do cais ao lado do moinho De Huisman e o passeio dura em torno de 45 minutos. De abril a setembro há saídas de terça a domingo, do meio-dia às 15h. Em julho e agosto, sai diariamente das 11h às 16h. Veja os horários e preços atualizados aqui.
ONDE COMER EM ZAANSE SCHANS
Visitei Zaanse Schans de manhã depois de ter me empanturrado neste café da manhã sensacional do hostel onde eu estava hospedada. Fui ter fome lá pelas duas da tarde, quando eu já estava voltando para Amsterdam. Não comi nada aqui, a não ser um sorvete (são vários quiosquinhos espalhados pelo “parque”).
Mas depois me arrependi mortalmente de não ter, pelo menos, provado a típica panqueca holandesa no restaurante De Kraai. Os preços estavam entre € 9,50 e € 12. O local oferece ainda sanduíches (a partir de € 8), saladas, bolo de morango por € 3,75, sopas (a partir de € 4,25), stroopwafel por € 1 e café espresso por € 2,50. Eles também vendem a tradicional mostarda produzida aqui por € 2,95 o potinho.
Quem quiser arriscar um menu mais sofisticado tem como opção o restaurante De Hoop op d’Swarte Walvis. Tem um ambiente interno sofisticado e mesinhas ao ar livre com vista para o Rio Zaan.
Se a ideia é só tomar um cafezinho sem compromisso aposte no Café do Museu Zaans, com bela vista para o horizonte de moinhos e wi-fi grátis!
CURIOSIDADES
– Zaanse Schans faz parte da ERIH – European Route of Industrial Heritage (Rota Europeia do Patrimônio Industrial) , uma rede com mais de 80 atrações distribuídas em 13 países do continente, que eu nem sabia que existia. A rota é constituída pelos chamados pontos de ancoragem, lugares historicamente importantes para a Revolução Industrial. Zaanse Schans é um deles.
– O pintor impressionista francês, Claude Monet, viveu seis meses em Zaandam, município onde está localizada a pequena Zaanse Schans. O ano era 1871. Desse período deixou 25 pinturas da região, entre elas Moinho de vento em Zaandam.
– O czar Pedro I da Rússia — conhecido como Pedro, o Grande — também viveu durante um tempo em Zaandam no final do século 17, estudando construção naval. A casa onde ele ficou hospedado se transformou em museu, a Czar Peter House, uma das mais antigas casas de madeira da Holanda. Entrada € 3. Gratuito para quem possuir o I Amsterdam Card.
DICAS DA MATRACA
– O passeio pode ser feito em meio dia. Eu fiquei cinco horas em Zaanse Schans, mas naquele ritmo anota-tudo-pro-brogui. Somando quase duas horas entre ida e volta, meu dia ficou todo comprometido aqui. Com crianças não acho que se faça em menos tempo. Mas se você estiver acompanhado somente de adultos, acredito que possa conhecer tudo tranquilamente em três horas, sem parada para almoço.
– Surpreendentemente, algumas lojinhas e museus não aceitam cartão. Leve dinheiro trocado. Vi uma senhorinha tentando comprar algo de pequeno valor e pagando com nota de € 50 e o caixa se recusou a receber.
– De uma maneira geral, as atrações funcionam das 9h às 17h. Mas varia bastante. Dependendo do mês, alguns museus e lojas abrem mais cedo e fecham mais tarde. Às segundas, alguns moinhos e o restaurante principal fecham. Veja os horários atualizados aqui.
– Aproveite: Zaanse Schans é o local perfeito para tirar muitas fotos jacus naqueles tamancões espalhados pelas ruazinhas e garantir uma coleção de selfie no melhor estilo a cara da riqueza!
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Fotos: Sílvia Oliveira | Todos os direitos reservados.
Oi, Sil. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para o #linkódromo, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Bóia – Natalie
Valeu, muito obrigada! 😀
Que lugar bonitinho! Adorei saber mais a Holanda.
Grata
Aaaah, Ilma, é um lugar muito fofo. A Holanda inteira é uma casinha de boneca. Até a vibrante Amsterdam com seus ares de metrópole é um doce de cidade. Bjs!
Um lugar interessante e bonito. Eu gostaria de fazer uma viagem lá. Holland é incrível. Boa dica.
Bjs
Brigada, querida! Bjs!
Silvinha, que post super bacana! E você está num processo de retrocesso temporal agudo – quanto mais o tempo passa, mais jovem e linda fica (hehe). Fui a um congresso uma vez em
Amsterdã, faz muitos anos, e fiquei impressionada com a cidade, tudo aí me pareceu cheio de energia, vigor, beleza. E as mulheres são poderosas, pelo menos as acadêmicas que organizaram o Congresso me deram essa impressão (na verdade, meio autoritárias :)). Não cheguei a conhecer nenhuma cidade próxima, mas teria adorado ver tantas paisagens lindas, e provar de todos os queijos. beijos, querida, santé e en route toujours. Vera
Vera, adorei o processo de retrocesso temporal agudo. Hahaha! Pois é, Amsterdam é uma cidade muito vanguarda e com grande respeito às liberdades individuais. O país todo é um docinho de coco. Apesar da energia vibrante da capital, qualquer recanto tem um cenário incrível para o nosso book. Bjs! 😀
Estou adorando as tuas informações. Irei para Frankfurt e Amsterdam em junho/17. Como verifico os horários de saída para a cidadezinha Zaanse Schans? Quero ir de ônibus mesmo. Seu post me deu uma super ajuda!!
Parabéns
Pronto! Acabei de achar… a cada 15 minutos! É isso?
Informações sobre o nome desses animais que se parecem com ovelhas.
Parabens pelo Blog, sensacional. Só uma duvida: vale mais a pena ir por conta propria ou pegar uma excursao que inclua Voledam, com guia?
Adorei seu comentário. Amanhã, 27/07/17 vou conhecer
Adorei suas dicas, deixa tudo mais fácil para fazer as coisas por conta própria e economizando, lógico. Obrigada
Sílvia, parabéns pelo seu blog! Sensacional! Rico em informações muito úteis e interessantes. Gostei muito da maneira didática, objetiva e informal que você escreve. Nota 10!
Obrigada, José! Apareça sempre! 😉
Oi Silvia! Tudo bem? Gostaria de saber se, na sua opinião, é possível fazer esse passeio na parte da tarde, saindo de Amsterdã lá pelo meio-dia. É que tenho poucos dias na cidade e gostaria de visitar Zaanse Schans no mesmo dia da visita ao Museu Van Gogh e ao mercado de Albert Cuypstraat (na parte da manhã).
Oi, Beatriz! Dá para fazer numa tarde, sim! O passeio em Zaanse Schans dura umas três horas. Se você chegar às 14h consegue fazer tudo tranquilamente até às 17h. 😉
Muito, muito obrigada Silvia!!!!
Parabéns pela postagem!!!!
Excelente.
A melhor que eu li sobre Zaanse Schans.
Valeu, Paloma! Obrigada! 🙂