Lembra do post São Paulo em três dias? A sugestão era UM museu – ou dois se tivesse muita disposição e algo de tempo. Pois para quem vai conhecer o Museu da Língua Portuguesa, a Pinacoteca do Estado é logo ali, do outro lado da avenida. Distância de 100 metros um do outro. Mais uma vez o prédio – de tijolos sem revestimento – é um desbunde. (Sempre digo que jornalista é minha identidade secreta, mas acho que sou mesmo é uma arquiteta enrustida). Foi projetado há 110 anos por Ramos de Azevedo (o mesmo que desenhou o Mercado Municipal) para ser o Liceu de Artes e Ofícios. Na verdade, o edifício é uma obra inacabada. Os tijolinhos não eram para ficar à mostra, mas a empreitada demorou muito para ficar pronta e deixaram como está. Sorte nossa e da Pinacoteca.
Hoje o perfil do museu é muito bem definido: arte brasileira do século 19 até à contemporânea. O acervo tem 4 mil obras, muitas de artistas paulistas – entre eles – Almeida Junior e Pedro Alexandrino. Outras tantas são de Cândido Portinari – como a famosa Mestiço, de 1934 (foto ao lado) -, Anita Malfatti, Victor Brecheret, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti.
O internacional Rodin (1840-1917) também engrandece o lugar. Algumas esculturas do artista francês estão espalhadas por um andar inteiro. A exposição que trouxe suas obras, em 1995, deu à Pinacoteca do Estado boa parte do status que tem hoje. 138 mil pessoas passaram por lá em cinco dias.
A iluminação azulada em uma das salas dá um tom meio sobrenatural ao ambiente. Sem querer ser óbvia, liiiiiindo! Bom, depois dessa overdose de museus será que tem alguém ainda lendo isso? Entenda: não quero ser chata, nem enfadonha. É que SOU chata e enfadonha. Mas não associe minha chatice ao meu gosto por museus. Nem entendo muito de arte, mas visitar qualquer um deles – inclusive esse pequenininho aí da sua cidade – não tem nenhuma contra-indicação. Não é indigesto, nem tedioso. Só faz aumentar a criatividade, o conhecimento, a experiência. Dá oportunidades de entender como alguns gênios se expressavam e como alguns loucos manifestaram seus devaneios.
A Pinacoteca do Estado – pelo conjunto de prédio, obras, artistas e cidade em que se encontra – deve estar entre os lugares de interesse cultural e histórico mais simpáticos do planeta.
SERVIÇO:
Pinacoteca do Estado
Local: Praça da Luz, nº 2, tel. 229 9844 – Próximo ao Metrô Luz ou Tiradentes
Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h
Entrada: R$ 4,00. Estudante paga meia. Grátis às quintas-feiras
O óculos vermelho voltou a atacar!