Roteiros em Buenos Aires: o que fazer em 3, 5 e 7 dias

A capital portenha sempre esteve no radar dos brasileiros como opção para uma primeira viagem internacional. Não é necessário visto, nenhuma vacina (nem da covid) ou passaporte (só carteira de identidade emitida há menos de 10 anos) para entrar no país.

Como é um destino relativamente barato (se comparado com outros países como Uruguai e Chile), muitos turistas acabam viajando para cá mais vezes. A pergunta é sempre a mesma: o que fazer em Buenos Aires em 3, 5 ou 7 dias?

Sabemos que em 3 dias é possível conhecer o básico. Já cinco dias inteiros seriam o ideal para percorrer a cidade sem pressa. Se você tem uma semana, sugiro acrescentar alguns bate e volta e/ou bairros menos disputados e fora do circuito turístico tradicional (como Belgrano, Chinatown e Las Cañitas).

1º DIA | Centro + Monserrat + Puerto Madero

CENTRO e MONSERRAT

Se é sua primeira vez na cidade, comece pela parte mais muvucada (mas não menos importante).  A área central, na verdade, é formada por microbairros (Monserrat, San Nicolás e Congresso) que se aglutinam formando a parte mais ruidosa de Buenos Aires. Com fácil acesso aos principais pontos turísticos, o centro está coalhado de lugares para comer e comprar.

Atrativos | Galerias Pacífico, Centro Cultural Borges, Calle La Florida, Café Tortoni (o café mais antigo de Buenos Aires), Casa Rosada, Plaza de Mayo, Galeria Güemes (o 1º arranha-céu de Buenos Aires, fica numa passagem pedestre de 100 metros com um mítico mirante), Teatro Colón (compre o ingresso para uma visita guiada aqui), Palacio Barolo (patrimônio arquitetônico, oferece visitas guiadas), Manzana de las Luces (um dos principais complexos históricos da cidade) e o Obelisco. O Museu do Bicentenário da Independência é todo interativo e gratuito. Fica atrás da Casa Rosada.

Dica da Matraca | Nas Galerias Pacífico tem uma unidade da loja Morph (são várias na cidade) com coisinhas superfofas e criativas para casa e decoração. Bem na divisa dos bairros Monserrat e San Telmo, está a Farmacia de La Estrella, a mais antiga farmácia em funcionamento da cidade – desde 1834. O local preserva o mobiliário centenário com móveis de nogal e piso veneziano. Almoce ou jante no Mercado de los Carruajes (o mais novo centro gastronômico gourmet de Buenos Aires, fica perto das Galerias Pacífico).

Veja no mapa o roteiro para fazer a pé pelo centro de Buenos Aires:

PUERTO MADERO

A “orla” portenha era decadente e abandonada. Somente em 1989, Puerto Madero passou por um bilionário projeto de reurbanização. Toda a região foi restaurada. Docas se transformaram em bares, cinemas, escritórios e até residências. Há inúmeros restaurantes de parrillas libres (mais ou menos como o nosso churrasco rodízio).

Atrativos | Puente de la Mujer (obra do arquiteto espanhol Santiago Calatrava), Reserva Ecológica Costanera Sur, Museo Fortabat, Centro Cultural Kischner (considerado o maior centro cultural da América Latina, com nove andares, cinco auditórios para teatro e concertos, 18 salas para leituras de poesia, arte performática e 40 salas de galerias de arte e história). Entrada franca com visitas guiadas gratuitas. É de Puerto Madero que saem os buquebus para Colonia del Sacramento, no Uruguai.

Dicas da Matraca | Para seu momento-extravagância, hospede-se no Hotel Faena + Universe, um cinco estrelas decorado pelo badalado designer Philippe Starck. A experiência não deve custar menos do que US$ 450 a diária. Mas ali você tem os experience managers, uma espécie de mordomo particular que cuida de tudo: da escolha do seu quarto aos passeios na cidade.

Veja no mapa o roteiro para fazer a pé em Puerto Madero:

2º DIA | La Boca e San Telmo

LA BOCA

O La Boca não é um bairro arborizado e sofisticado como a Recoleta, muito menos passou por qualquer revitalização à la Puerto Madero. Aqui está o ponto turístico mais famoso e fotografado da cidade: o Caminito. O que não significa que seja o melhor ou o mais bonito lugar da capital argentina – mas, com certeza, é o mais tradicional.

Atrativos | Caminito, Fundación Proa, Museu Benito Quinquela Martín e Museo de La Pasión Boquense (museu do Boca Juniors), que fica dentro do estádio La Bombonera — para os aficionados por futebol.

Dicas da Matraca | Querendo almoçar por aqui, fuja dos locais pega-turistas do bairro. Vá ao Restaurante El Obrero, o bodegón mais cultuado de Buenos Aires. Já passaram por aqui o cineasta Francis Ford Coppola, os cantores Mick Jagger e Bono Vox e até o ex-rei da Espanha, Juan Carlos. O lugar  (muuuito simples!) tem praticamente os mesmos móveis desde a inauguração da casa, em 1954. Vive lotado (reserve antes de ir) não à toa: além do ambiente folclórico oferece uma comida razoável a preços mais convenientes que outros restaurantes do gênero. Leia aqui meu post sobre o lugar.

Veja no mapa o roteiro para fazer a pé no La Boca:

SAN TELMO

Espremido entre o operário La Boca e o central Monserrat, San Telmo é um bairro bem-apanhado, do tipo boa-praça. Dos antiquários às principais casas de tango, forma uma das mais antigas e emblemáticas áreas de Buenos Aires.

Atrativos | Feira de San Telmo, Calle Defensa, Igreja Ortodoxa Russa (em estilo moscovita e com cinco cúpulas azuis, fica em frente ao Parque Lezama), Casa Mínima (a casa mais estreita da cidade), Distrito de Balcarce, El Zanjón de Granados (um museu arqueológico com misteriosos túneis subterrâneos) e Museo de Arte Moderno. A estátua da Mafalda (personagem famosa do cartunista argentina Quino) junto com Manolito e Suzanita fica nas esquinas das ruas Chile e Defensa.

Dicas da Matraca | A Feira de San Telmo acontece aos domingos. O fervo começa nas esquinas das ruas San Juan e Defensa. Caso não consiga encaixar o bairro nesse dia, não se preocupe. A região tem mais de 500 antiquários — pequenos museus com entrada franca — vendendo toda a sorte de móveis e objetos de decoração.

Veja no mapa o roteiro para fazer a pé em San Telmo:

3º DIA | Recoleta

RECOLETA

A Recoleta é um bairro aristocrático central, mas está longe da histeria cosmopolita do Obelisco da Av. 9 de Julio. (Por isso, avisei para conhecer, primeiro, o centro. Quando você chega aqui, tudo é ainda mais bonito e surpreendente.) Com construções no estilo belle époque, a Recoleta traduz na íntegra os clichês que aproximam a capital portenha da Europa. Tem prédios centenários, avenidas arborizadas e um conglomerado de lojas de grifes internacionais.

Atrativos | Cemitério da Recoleta (agora paga para entrar, nhé!), Centro Cultural Recoleta, Museu Participativo de Ciencias (Prohibido no Tocar), Museu Nacional de Belas Artes, Floralis Genérica, Museo de Arte Decorativo (gratuito), Feirinha de Artesanato da Recoleta (finais de semana) e a chiquetê Avenida Alvear. Nesta região, entre o centro e a Recoleta fica a maravilhosa livraria El Ateneo Grand Esplendid. Para quem precisar de um shopping, visite o moderno Recoleta Urban Mall.

Dicas da Matraca | O restaurante Sanjuanino, com decoração simples e poucas mesas, oferece cozinha regional argentina e a melhor empanada de Buenos Aires, está na Recoleta. Caso não queira enfrentar fila para entrar no Café Tortoni, vá ao Café La Biela, fica em frente ao Cemitério da Recoleta. Frequentado desde a década de 20 pelos apaixonados por automóveis, a decoração dá o tom nostálgico ao lugar: conta com uma coleção de fotos de corredores – incluindo as do pentacampeão argentino Juan Manuel Fangio.

Veja no mapa o roteiro para fazer a pé na Recoleta.

4º DIA | Palermo Soho + Palermo Hollywood

PALERMO SOHO

Há menos de um século, essa região era um pedaço da zona rural de Buenos Aires. Conforme foi crescendo, acabou sendo chamada de Palermo Chico, Palermo Hollywood e Palermo SoHo. Justamente nessa última porção do bairro é que estão as lojas moderninhas, os estilistas de vanguarda, os designers da hora, pubs temáticos, cafés literários e alguns dos melhores restaurantes da cidade.

Atrativos | Parque Tres de Febrero (também chamado de Bosques de Palermo), El Rosedal (um incrível jardim com mais de 12 mil rosas), Planetário Galileo Galilei (assim como o rosedal, está dentro do parque Tres de Frebrero), Jardim Japonês, Museu Evita, Malba – Museo de Arte Latinoamericano (aqui você encontra o Abaporu de Tarsila do Amaral), a livraria Libros del Pasaje e a Plaza Julio Cortazar (chamada também de Plaza Serrano), que aos sábados e domingos recebe uma ferinha de artesanato com shows musicais. O Centro Cultural de la Ciencia (exposições lúdicas para ensinar às crianças sobre tempo, ciências e novas tecnologias) fica próximo de Palermo Hollywood. A entrada e todas as atividades do centro são gratuitas.

Dicas da Matraca | A esquina das ruas Malabia e Costa Rica é o coração de Palermo SoHo. As lojinhas mais bacanas estão nas ruas El Salvador e Honduras. Perto de Palermo Hollywood fica o famoso Mural da Frida (do artista Campos Jesses), na Av. Dorrego, 1800 — próximo ao Mercado das Pulgas, um espaço de antiguidades.

A região também contempla o Distrito Arcos Outlet, uma espécie de shopping ao ar livre (tipo outlet premium) com marcas argentinas, internacionais e restaurantes. Instalado numa antiga construção ferroviária, o outlet tem lojas como Nike, Lacoste, Levi’s, Puma, Quicksilver, Samsonite, Ray-ban, entre outras.

Se quiser conhecer o Chinatown portenho, é só seguir para a rua Arribeños, entre ruas Juramento e Blanco Encalada, a pouco mais de 3 quilômetros de Palermo. As lojas do Barrio Chino funcionam todos os dias, incluindo feriados, das 10h às 21h. Os restaurantes ficam abertos até mais tarde.

Veja no mapa o roteiro para fazer a pé em Palermo Soho:

5º DIA | Abasto + Villa Crespo

ABASTO

O Abasto é uma área modesta, dentro do bairro Balvanera, sem grandes corredores comerciais.  Mas é referência para quem gosta de tango e sua história. Carlos Gardel era figurinha fácil no antigo Mercado Abasto, hoje transformado no maior shopping da cidade. Uma manhã aqui é suficiente.

Atrativos | Museu Carlos Gardel, Paseo del Tango (um pequeno calçadão de bares temáticos com referências ao tango), Museo de Los Niños e Pasaje Zelaya (nesse trecho, entre as ruas Anchorena e Jean Jaurés, quase todas as casas receberam alguma intervenção artística que lembra o tango, como os fileteados, pintura típica portenha). O Zorzal Esquina Cultural é um espaço com bar e restaurante dedicado a abrigar e promover a cultura portenha com shows de tango, músicas ao vivo, milongas, concertos e peças de teatro.

Dicas da Matraca | O Shopping Abasto é o antigo mercado municipal de Buenos Aires. Hoje, transformou-se num centro comercial gigante. São quase 240 marcas – nacionais e importadas. Na praça de alimentação (como todo shopping) você encontra comida simples a preços acessíveis. A Basílica Maria Auxiliadora y San Carlos — a igreja mais bonita da cidade — está no bairro Almagro, a 2 km do Abasto.

Veja no mapa o roteiro para fazer a pé pelo Abasto:

VILLA CRESPO

Se você quer aproveitar sua estada aqui para vasculhar os outlets da cidade, seu destino é Villa Crespo – bairro vizinho a Palermo. Mas não se iluda. Já não existem mais pechinchas em Buenos Aires como antigamente. A região está pinhocada de lojinhas de grifes, algumas com descontos interessantes, outras nem tanto. A maioria dos estabelecimentos fica na Avenida Córdoba e na Calles Aguirre e Gurruchaga.

Atrativos | Não é um bairro com pontos turísticos dos mais conhecidos. O barato aqui é justamente garimpar nos outlets. São muitas e muitas opções e todas as lojas estão bem próximas uma da outra. Nos arredores, a Calle Murillo, é famosa por artigos de couro a preços mais em conta do que no Brasil. No mapa abaixo, eu coloquei alguns dos outlets mais procurados: Adidas, Puma, Cacharel, Rapsodia, Lacoste, Tommy Hilfiger, Complot e Levi’s. Se você seguir essa rota, no meio do caminho encontrará muitas lojas de marcas menos conhecidas com preços mais interessantes do que nas grandes grifes. Ah, a Nike Factory Story (Av. Corrientes 6433) fica no bairro Chacarita – que faz divisa com a Villa Crespo, mas já fora do borburinho do bairro dos outlets.

Dicas da Matraca |  Mesmo que você não se interesse por outlets, em Villa Crespo você encontra um dos melhores restaurantes de Buenos Aires. O armênio Sarkis tem uma decoração sem muito charme, mas isso é absolutamente insignificante se comparado com as generosas porções de comida árabe, como o quibe assado e kafta de cordeiro. E, ainda por cima, é barato! Só aceita dinheiro. Já o Mercat Villa Crespo, um centro gastronômico, é um espaço feito para encontros e experiências gourmet com a identidade da culinária argentina.

Veja no mapa o roteiro para encontrar os outlets mais procurados de Villa Crespo:

6º DIA | Colonia del Sacramento (bate e volta)

COLONIA DEL SACRAMENTO

Colonia del Sacramento, no Uruguai, é um famoso bate e volta saindo de Buenos Aires. Fundada por portugueses e, posteriormente, dominada pelos espanhóis, a cidade tem casarões coloniais, ruas de paralelepípedo, ladeiras e igrejinhas brancas. Com um particular sensacional: está à beira do Río de la Plata. É passeio para dia inteiro.

Atrativos | Bairro Histórico, Basílica do Santíssimo Sacramento, Farol (promove a melhor vista de Colonia del Sacramento, são 118 degraus até o topo), Plaza de Toros (é a única arena de touros — só funcionou entre 1910 e 1912 — com estilo mourisco-espanhol do Uruguai.), Museus (Casa de Nacarello, Museu Português, Museu Municipal, Arquivo Histórico Regional, Museu do Azulejo e Museu Espanhol) e Calle de los Suspiros, uma ruela famosa da cidade (considerada Patrimônio Mundial da UNESCO), que abriga os casarios mais antigos de Colonia.

Dicas da Matraca | Para garantir os melhores preços na travessia, compre as passagens do Buquebus com antecedência aqui: www.buquebus.com.Vai na embarcação das 8h15 e volta na das 17h01. São os barcos diretos que fazem a travessia em 1h30.

7º DIA | Tigre (bate e volta)

PASSEIO DELTA DO TIGRE

Tigre é uma cidadezinha charmosa localizada a 30 quilômetros de Buenos Aires. A visita, geralmente, inclui um passeio de barco pelo Delta del Tigre (o quinto maior delta do mundo), que percorre paisagens costeiras da região. Depois, é possível fazer um city tour com o ônibus turístico, que passa de 30 em 30 minutos pelos principais pontos turísticos.

Atrativos | Museu del Arte de Tigre, Museu Naval, Museu de la Reconquista, Parque de la Costa (é um parque de diversões) e Puerto de Frutos (mercado com lojinhas, restaurantes e artesanato local)

Dicas da Matraca | É possível ir a Tigre de muitas maneiras: vai de barco e volta de ônibus, vai de trem e volta de barco ou vai e volta de ônibus com passeio às ilhas da cidade. Você pode fazer o passeio por conta ou contratar uma agência  O trem sai da estação Retiro, em Buenos Aires. O barco sai de Puerto Madero (e é uma opção mais cara do que o trem).

DICAS EXTRAS

Meu show de tango preferido é o Piazzolla Tango. Fica na Calle Florida. Com arquitetura da Belle Époque, o local é lindo e o show, de altíssima qualidade.

Quanto aos alfajores, gosto das marcas Cachafaz, Jorgito (muito barato e maravilhoso) e Havanna, que você encontra em qualquer mercadinho ou “kiosco” na rua.

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Fotos: Raul Mattar | Todos os direitos reservados a Matraqueando® – Comunicação e Conteúdo.

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