Rota do Queijo do Serro, Minas Gerais: como visitar as fazendas premiadas do circuito
Queijólatras do Brasil, uni-vos! O que tenho para contar não é pouco.
Na mesma semana em que o Queijo Minas Artesanal (QMA) recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, foi inaugurada a Rota do Queijo do Serro, em Minas Gerais.
O novo destino turístico nasce num momento emblemático não só para o estado de Minas, mas para todo o Brasil.
Pioneira na produção do QMA, a Região do Serro possui cerca de 800 produtores artesanais de queijo que, juntos, fabricam quase três mil toneladas da iguaria por ano.
Sem contar que, há mais de 10 anos, o modo de fazer o queijo artesanal do Serro foi o primeiro bem cultural a ser reconhecido pelo Iepha (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais) e pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
O Queijo Minas Artesanal é o primeiro item gastronômico do país (e um dos poucos do mundo) a ser declarado como patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
A proposta agora é levar o turismo de experiência das fazendas e queijarias ao grande público para incentivar a história, a tradição e os saberes dos produtores locais.
A escadaria da Igreja de Santa Rita, no Serro: cartão postal da cidade
ONDE FICA A CIDADE DE SERRO
Serro é a cidade porta de entrada para a nova Rota do Queijo, além de fazer parte do Circuito dos Diamantes da Estrada Real.
Está a 230 quilômetros de Belo Horizonte e a 60 km de Diamantina. Devido às condições das estradas, o trecho da capital mineira até aqui leva um pouco mais de quatro horas de carro.
Localizada no Vale do Jequitinhonha, a Região do Serro inclui produtores de 10 cidades mineiras: Conceição do Mato Dentro, Alvorada de Minas, Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho, Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas e Serro.
Todas têm selo de Indicação de Procedência (IP) desde 2011.
QUAIS CIDADES FAZEM PARTE DA ROTA DO QUEIJO DO SERRO
– Conceição do Mato Dentro (60 km de Serro e 140 km de Diamantina)
– Santo Antônio do Itambé (25 km de Serro e 113 km de Diamantina)
– Serro (60 km de Diamantina)
Nesses três municípios, algumas fazendas centenárias e premiadas pela produção do Queijo Minas Artesanal estão, enfim, abertas à visitação.
É possível conhecer todas as etapas desde a ordenha, passando pela feitura, sala de maturação, até chegar à degustação do manjar mineiro.
QUEIJO MINAS ARTESANAL: PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE
A receita de ouro: leite cru + pingo + coalho + sal.
Uma fórmula aparentemente simples, mas que não teria resultado sem as características únicas de cada lugar onde o Queijo Minas Artesanal (QMA) é produzido.
O Queijo do Serro, o primeiro bem cultural a ser reconhecido como Patrimônio Imaterial do Brasil (agora, também, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO – vou ficar quinem disco arranhado, me deixa!) tem sabor, estrutura e traços muito singulares.
O solo mineralizado, a altitude e o clima da região resultam em pastagens ideais para o gado de leite. A qualidade final do principal insumo do QMA deu ao Queijo do Serro inúmeros prêmios nacionais e internacionais.
Com a inauguração da Rota do Queijo do Serro, cinco fazendas abriram suas sedes para visitação: Fazenda Ventura, Fazenda Córrego do Taboão, Fazenda Dona Iaiá, Fazendo Bom Sucesso e Fazenda Maria Nunes. IMPORTANTE: TODAS ATENDEM SOMENTE COM RESERVA ANTECIPADA.
Eu visitei algumas delas:
FAZENDA VENTURA
Com paisagens bucólicas e cercada pelos morros mineiros, a Fazenda Ventura é um convite à imersão na história e produção do Queijo Minas Artesanal.
Fomos recepcionados pelos donos da fazenda, Alice e Eduardo Pires, que contaram entusiasmados a história do lugar.
A produção começou na década de 40 pelas mãos do Sr. José Pires, que passou a tradição e o saber de geração em geração.
O trabalho e a dedicação renderam premiações importantes, como a Medalha de Prata no III Prêmio Queijo Brasil e Medalha de Bronze no Mondial du Fromage, na França em 2023.
A visita passa pelo curral, espaço de ordenha, feitura do queijo até chegar à sala de maturação.
No final, uma rica degustação com o queijo Ventura, acompanhado de frios, castanhas, frutas e vinhos de Diamantina.
Os queijos da Fazenda Ventura têm maturação mínima de 30 dias, sabor amendoado e leve acidez. Um dos melhores que já provei até hoje!
O tour guiado custa R$ 80 e dura em torno de 1h30. A Fazenda Ventura fica em Santo Antônio do Itambé, a 25 km do Serro. Acesso por estrada de terra. Para reservar a visita fale com a Shaila pelo whatsapp (31) 99739-2914. Instagram: @queijofazendaventura
FAZENDA CÓRREGO DO TABOÃO
A fazenda onde são produzidos os Queijos Geovani Tomazinho e Nicinha tem 200 anos.
Tombado pelo Iepha de Minas Gerais, o local é uma marca de resistência e memória ao modo de fazer o queijo minas artesanal.
O empreendedorismo feminino tem destaque aqui. Somos guiados pela própria Nicinha, grande contadora de histórias e uma das poucas mulheres do circuito à frente de todo o processo de produção do QMA.
Ela mesma faz a demonstração na queijaria, nos leva ao museu da propriedade (chamado de Recanto Memorial) e à famosa roda d’água, ao lado de um riacho.
O tour guiado custa R$ 30 e dura em torno de 1h30, com direito a degustação de diversos queijos e quitandas mineiras servidos ao lado do fogão à lenha.
A Fazenda Córrego do Taboão fica em Conceição do Mato Dentro. Acesso por estrada de terra. Para reservar a visita fale com o Nicinha pelo whatsapp (31) 99549-6185. Instagram: @queijogeovanienicinha
FAZENDA BRAÚNAS
Essa belíssima fazenda não faz parte oficialmente da Rota do Queijo do Serro, mas é pioneira no Turismo de Vivência.
Mesmo antes da inauguração da rota, a Fazenda Braúnas já recebia visitantes.
Os donos resgataram a produção ancestral do queijo que era realizada há mais de um século, a 1300 metros de altitude.
A partir de 2018, o produtor Ewerton Abaeté começou a produzir em maior escala para atender às demandas comerciais.
No mesmo ano, o Queijo Braúnas ganhou medalha de ouro no 4º Prêmio Queijo Brasil e, de lá para cá, já foi agraciado por outros prêmios, nacionais e internacionais.
O Queijo Braúnas é produzido na zona rural de Diamantina – a 18 km do centro da cidade e a 60 km do Serro.
O tour guiado custa R$ 70 e dura em torno de 1h30, com direito a degustação dos queijos, bolos, broas e cafezim. Acesso por estrada de terra. Para reservar a visita fale com o Ewerton pelo whatsapp (38) 98828-3760. Instagram: @queijobraunas
HOSPEDAGEM | ONDE FICAR NA ROTA DO QUEIJO
SERRO
- Pousada Vale do Queijo do Serro | Pousada nova, bem localizada e com ótimo café da manhã. Veja mais fotos e faça sua reserva aqui. (Nota 8,8)
- Pousada Mariana | Com decoração rústico-mineira, fica no centro, perto dos principais pontos turísticos. O café da manhã é completíssimo. Foi minha opção de hospedagem nas duas vezes em que estive no Serro. Veja mais fotos e faça sua reserva aqui. (Nota 9,0)
DIAMANTINA
- Pousada Relíquias do Tempo | Realizei um sonho dormindo aqui. Como o nome do lugar diz, a pousada é um museu vivo em forma de hospedagem. Localizada num casarão antigo no centro da cidade, oferece café da manhã e café da tarde para os hóspedes incluídos na diária. Veja mais fotos e faça sua reserva aqui. (Nota 9,1)
CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO
- Pousada Paudório | Hospedagem nova ao redor da natureza, com piscinas de águas naturais e café da manhã excelente. Está a 6 km do centro. Veja mais fotos e faça sua reserva aqui. (Nota 9,1)
Posts relacionados:
Queijo Minas Artesanal é declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO