Paris | Museu de Montmartre: onde você encontra o jardim que inspirou Renoir
O museu que conta a história do bairro mais charmoso de Paris não traz nenhuma obra blockbuster. Ele não deve entrar na sua lista para concorrer com o Louvre. O que conta nesta visita é a experiência de reviver o entusiasmo e a excitação da boemia e dos famosos cabarés que inundaram Montmartre nos séculos 19 e 20.
Mais do que isso — o prédio, o mais antigo da região — já foi residência e ponto de encontro para diversos artistas como Renoir, Suzanne Valadon e Émile Bernard. Era o lugar onde eu gostaria de estar com as pessoas que eu gostaria de ter conhecido.
Além do que não há aglomerações nem filas. Dificilmente você vai encontrar aqui turista tirando foto com pau de selfie em frente a algum anúncio de cabaré antigo. Rá!
São pinturas, cartazes, porcelanas, litografias e desenhos assinados por Toulouse-Lautrec, Modigliani, Kupka, Valadon e Utrillo. Uma das salas é inteirinha dedicada ao Cancan, a dança típica dos cabarés franceses.
Até parte do bistrô L’Abreuvoir (foto acima), frequentado por Maurice Utrillo, foi reproduzido com peças do café original.
À esquerda, o célebre cartaz Le Cabaret du Chat Noir de Steinlen. À direita, a obra Bruant de Toulouse Lautrec.
O cartaz original criado por Alexander Steinlen para o cabaré Le Chat Noir (com seu enigmático gato preto) também faz parte do acervo do museu. A obra é tão famosa que você encontra reproduções dela por toda a cidade, até em cartão postal.
Já Auguste Renoir chegou a instalar seu atelier aqui em 1876, onde nasceram algumas de suas obras maestras como Le Bal du Moulin de la Galette (O Baile no Moulin de la Galette), um marco da pintura impressionista. (A obra original está no Museu d’Orsay.)
O jardim da residência, aliás, foi recriado totalmente baseado nas telas que Renoir fez durante sua permanência na rue Cortot. Até o balanço que inspirou o belíssimo quadro La Balançoire (foto acima) foi reproduzido nos jardins que circundam o museu.
Eu fiquei meio paralisada com a visita. Por mais que tivesse me preparado eu nunca estaria pronta para chegar tão perto da realidade de Renoir. (Acho que, guardadas as devidas proporções, é a mesma emoção que a gente sente quando visita os Jardins de Monet em Giverny.)
Dentro do museu você tem acesso ainda ao Vinhedo de Montmartre (da vinícola Clos de Montmartre), o último parreiral remanescente da cidade. Fica na esquina das ruas Saint Vincent e des Saules e pode ser visto por fora caso você não visite o museu.
Daqui você pode avistar o antigo (e ainda na ativa) cabaré Au Lapin Agile (aquela casinha vermelha lááá na esquina). A produção anual é limitada e justamente por isso cada garrafa sai em torno de € 40. A venda é toda revertida para obras de caridade.
Pouco tempo depois da minha visita foi inaugurado o estúdio onde viveu Suzanne Valadon e o filho Maurice Utrillo, parte do complexo que eu não cheguei a conhecer.
O Musée de Montmartre está bem próximo da Place du Tertre (onde vários artistas mantém a tradição impressionista do bairro) e a duas quadras da basílica Sacre Coeur. O espaço pode ser visitado em menos de duas horas.
Mas vá sem pressa. Não é um centro só para apreciar as obras concretas. A essência do lugar esta no que ele foi e representa para a história artística e folclórica de Montmartre.
SERVIÇO
Local: Rue Cartot 12 – 75018 | Paris | Metrô Lamarck-Caulaincourt ou Anvers + Funicular de Montmartre
Horário: abre todos os dias durante o ano todo, 10h às 18h. Nos meses de maio, junho, julho e agosto fecha às 19h.
Entrada: € 9,50. Crianças até 10 anos não pagam. (A visita guiada custa € 13,50. É necessário reservar.)
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Fotos: Sílvia Oliveira | Todos os direitos reservados.©
Adorei!! A fachada do prédio é linda!