Os mercadões do Brasil
Todo mercadão tem uma boa estória para contar. Apesar de não ser mais um local de pechincha como antigamente, geralmente a arquitetura já vale a visita. Quase sempre instalados em construções antigas, os mercadões acabaram virando grifes nas cidades. Até existem alguns mais fajutos, jecas, muquifos ou fuleiros do que outros. Mas eles, assim como as feiras, deveriam ser o ponto de partida da sua incursão aonde quer que vá. É que eles oferecem um desfile único de cheiros, sabores, roupas e pessoas – incluindo aí gente egocêntrica e esquisita – num inusitado tour sócio-antropológico.
No Mercadão de Curitiba, por exemplo, um olhar desavisado não vai achar nada diferente. Já uma vista disposta perceberá o mercadão da capital paranaense como único. Em vez de ficar babando nas bancas bem montadas dê uma olhadinha para cima. Lá estão elas. Placas enormes penduradas no teto com poesias de Paulo Lemenski, Helena Kolody, Alice Ruiz – entre outros poetas e escritores do estado.
Já o Mercado Municipal Adolpho Lisboa de Manaus – que atualmente passa por reformas – foi construído nos tempos áureos do Ciclo da Borracha. É todo em art nouveau, bem rococó. Foi inspirado no extinto mercado Les Halles, de Paris. Um produto vendido a rodo por aqui é o tucupi: um molho amarelo extraído da mandioca brava usado em diversos pratos da Amazônia. O armazenamento é bem informal (nesse caso, vou resmungar: informal demais para o meu gosto). O líquido fica exposto em tonéis – para você levar a granel quanto desejar ou já vem em embalagens “próprias” de garrafas pet.
Tradição, cultura popular e religião fazem do Mercado Central de Belo Horizonte um dos lugares mais agradáveis da cidade. Desde comida mineira passando por ingredientes típicos e artesanato regional, é aquele tipo de lugar onde a gente acha que encontra de tudo – ou quase tudo. O Mercado Municipal Antônio Valente de Campo Grande tem origem numa feira livre que até os anos 50 ocupou uma grande área margeando os trilhos da Noroeste entre a Avenida Afonso Pena e a Rua 7 de Setembro. É um marco na capital sul-mato-grossense e principal ponto de encontro aos domingos de manhã.
O tradicionalésimo sanduíche de mortadela do Bar do Mané – no Mercado Municipal de São Paulo custa R$ 9,00. A “iguaria” é a paixão dos paulistanos. Está para São Paulo assim como o pierogui (um tipo de pastel polonês) para os curitibanos. Mulheres de salto e homens de gravata ali, paradinhos, em pé, comendo o sandubão na hora do almoço. Vem com 300 gramas de mortadela e pão fresquinho. Quando pedi o meu, não aguentei comer o “tira-gosto” inteiro – por isso – dividido por dois, fica R$ 4,50 para cada. O pacotinho de Estomazil efervescente custa R$ 0,80. Você ainda sai no lucro.
Foto: Mercado Municipal de Curitiba (Raul Mattar)
Texto originalmente publicado na minha coluna “Viagens Econômicas e Inteligentes”, que sai toda semana no portal Descubra Brasil.
Eu adoro o prédio do Mercado Municipal de Porto Alegre!!! Se você passar por lá, nao deixa de visitar 🙂
Beijos, Angie
Faltou o de Florianópolis, faz parte do processo histórico da cidade, aliás, os mercados são pura história, lamentavelmente nem todos levam a devida atenção dos poderes públicos. Mercados públicos tem um siginificado importante para o país!
EU ainda não fiz um post sobre o Mercado de Floripa!