Museu da Gente Sergipana, Aracaju: primeiro centro multimídia do Nordeste
Enrolei para fazer este post porque já desconfiava que daria nisso: nenhuma foto ou relato consegue expressar a experiência que você vai ter ao visitar o Museu da Gente Sergipana em Aracaju. Para os vidrados em história, causos e cultura, o complexo é quase um parque temático lúdico e interativo, com a vantagem de que aqui você não vai precisar de tobogã algum para sentir a emoção à flor da pele. E melhor: é de graça!
Ao mapear a segunda edição da Expedição Brasil Express no ano passado incluí o Sergipe de cara. Mas não pense que o Cânion do Xingó estava em primeiro lugar na minha lista. Eu estava intrigada com o novo centro multimídia inaugurado há pouco mais de um ano na capital do estado.
Algo que acendeu meu “alerta motor” foi descobrir que a concepção artística do Museu da Gente Sergipana foi de Marcello Dantas, a mesma pessoa que fez o extraordinário Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo (um dos meus preferidos no mundo!)
A confirmação do potencial do atrativo veio alguns meses depois, quando o museu foi eleito a Atração do Ano pelo Guia Quatro Rodas 2013. Aracaju, aliás, é a primeira capital nordestina a ter um museu multimídia voltado para a preservação do passado, resgate da memória e construção do cotidiano.
O museu é uma celebração da identidade do povo sergipano, gente que vive num estado tão pequenininho, mas com enorme diversidade — que vai da comida aos diferentes sotaques.
Logo que você passa pelo Foyer (a principal área de circulação na entrada do museu) você chega ao Átrio, onde é possível passear sobre um mapa do estado. Em cada região há um fone para você escutar a forma de falar daquele determinado pedaço do Sergipe.
O circuito dentro do museu é livre, embora exista visita guiada. Mas há monitores em todas as salas caso precise de alguma informação adicional. O museu tem uma narrativa pouco linear. Não se trata de uma autobiografia datada cronologicamente.
O complexo está dividido por áreas temáticas: Nossas feiras (onde você regateia um desconto com um feirante virtual), Nossos Falares ( instalações que apresentam palavras e expressões da oralidade sergipana), Nossos Leitos (uma barquinho leva você pela fauna e flora do estado), Nossos Pratos (onde montamos virtualmente receitas típicas), Nossas Roças, Nossas Praças, Nossas Histórias, Nossos Cabras (retrata gente importante da terra) Nossos Marcos, Nossas Festas, Nossas Coisinhas e Nossos Trajes.
Na sala Nossas Festas um divertido jogo de amarelinha recria um ambiente alegre com os principais marcos folclóricos do estado. É só jogar o enorme cubo para ativar vídeos com as principais festas do estado.
O local é perfeito para adultos e crianças. Como é altamente interativo você fica duas horas ali dentro e nem vai sentir o tempo passar. Eu, particularmente, adorei as salas do Repente e da Literatura de Cordel. No pequeno estúdio de gravação do repente, por exemplo, você cria a sua trova e, se quiser, publica o desafio no You Tube na mesma hora.
Com a Literatura de Cordel é a mesma coisa. Você escolhe um tema e, em seguida, o texto começa a passar numa telinha à sua frente. Você declama o livrinho e depois manda para o You Tube. Pena que no dia em que fomos o sistema estava travando e não conseguimos publicar nada na internet.
O Museu da Gente Sergipana está num prédio de 1926 que foi totalmente restaurado para receber o atrativo. Uma das salas abriga fotos do local antes e depois de reformado. É impressionante o que a boa vontade política pode fazer pelo patrimônio, cultura e memória de um lugar.
Você pode finalizar o passeio no Café da Gente, um pequeno restaurante e lanchonete nos fundos do museu. Petiscamos dadinhos de tapioca, petit gateau de carne seca (um bolinho de macaxeira recheado) e um prato executivo com frango e batatas que eu dividi com a Mariana. Não me lembro o preço exato de cada coisa, mas a conta ficou em uns R$ 50, com a bebida.
SERVIÇO
Local: Rua Ivo Prado, 398 – Centro | Aracaju – SE
Tel.: (79) 3218-1551
Horários: de terça a sexta, 10h às 17; sábado, domingo e feriados, 10h às 16h. O Café da Gente funciona de terça a domingo (inclusive feriados) das 10h às 20h. Fechado às segundas e nos dias 24, 25 e 31 de dezembro, 01 de janeiro, 07 de setembro e terça-feira de carnaval.
Entrada: gratuita
Como chegar: o museu está na região central de Aracaju. Para quem for de carro há estacionamento gratuito. Existem diversas linhas de transporte público que passam por aqui. Saindo de Atalaia (principal praia de Aracaju) pegue as linhas Santa Tereza – Bairro Industrial 008 ou Circular Cidade 01 -5001. Se você estiver no terminal de Integração Sul (Atalaia) pegue o Fernando Collor – Atalaia 007 ou Circular Cidade 01 – 5001
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Minha viagem ao Sergipe faz parte da Expedição Brasil Express II – projeto do matraqueando que leva recortes do Brasil até você.
Fotos: Raul Matar
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Silvia, vc recomenda mais as praias ao sul ou norte de Aracaju? E com relação ao Canion vc foi com seu gps e adquiriu este passeio? Obrigada!!
Aracaju é, realmente, um ótimo lugar a ser visitado. Lugares lindos e, o melhor, com acesso gratuito. Lugar rústico, mas com várias opções. Gastronomia vai da parte típica à mais sofisticada. Fica fácil encontrar culinária de vários países, num valor relativamente baixo.
Quanto às praias, recomendo as da parte Sul. São mais belas e com mais opções de restaurantes. E ainda tem a Orla de Atalaia, que é a orla mais bonita do Brasil!
Karolina, realmente, a orla de Atalaia é completíssima, para toda a família! 😉
Irei a Aracaju em Março, irei me hospedar em Barra dos Coqueiros, como fica um pouquinho longe, planejei conhecer somente o Mercado Municipal e a Orla de Atalaia, você tem alguma dica desses lugares, ou de outros imperdíveis?
Uiara, o Mercado Municipal e a Orla são alguns dos principais atrativos de Aracaju. Tem ainda o Oceanário, legal para quem está com crianças!
Tive o prazer de participar da Reforma desse museu a 5 anos atrás ! Foi incrivel um dos melhores trabalho da minha vida !
ja fui la e bom
Amei seu blog vc me fez lembrar de quando eu era adolescente, sou da cidadezinha Itabaianinha-SE, lendo seu blog me fez lembrar de uma viagem que fiz a Pirinhas , Canindé, demais e adoro seus contos com toda graça PARABÉNS VIREI SEU FÃ.
Valeu, Wendes. Apareça sempre! 😉
Olá.. adorei o seu blog.. quantos dias vc recomenda para essa viagem a Aracaju? Nosso foco creio q será igual ao seu : mais a questão cultural (museu, piranhas e cânion) q as praias.. obrigada
Oi, Natalia! Se for incluir Aracaju, Piranhas e os Cânions a viagem tem que ter, no mínimo, sete dias. Sem contar os dias de chegada e de partida! Abraço!