Mosteiro de Alcobaça: o monumento português que abriga a história do amor trágico entre Pedro e Inês de Castro
A chegada ao Mosteiro de Alcobaça não impressiona tanto. Principalmente se você acabou de passar pelo primo-irmão, em Batalha — a 20 quilômetros daqui.
Durante sua visita, portanto, convém focar naquele que foi o primeiro monumento integralmente gótico de Portugal e desviar-se das comparações inevitáveis entre um e outro.
Além de Patrimônio Mundial pela UNESCO, o Mosteiro de Alcobaça também entrou na lista das Sete Maravilhas de Portugal. Todo e qualquer título, aliás, não fazem jus a essa construção enigmática e, até certo ponto, misteriosa.
A fachada atual da igreja é do século 18 (passou por algumas intervenções barrocas), embora as obras do mosteiro tenham sido iniciadas no século 12. Do lado de fora, somente o portal e a rosácea foram preservados.
Ao entrar na igreja, você se depara com um corredor gigante cheio de colunas em formato de abóbodas a mais de 20 metros de altura. (Guarde essa informação, ela será útil alguns parágrafos abaixo!)
Durante o passeio você encontrará refletida no chão a sombra das rosáceas – um estilo arquitetônico típico do gótico.
Mesmo com boa iluminação interna, minhas fotos não conseguem captar muito bem o encanto do lugar.
O mosteiro está dividido em várias alas e, ainda que houvesse visita guiada disponível (deveria ter marcado com antecedência), preferi comprar o folheto explicativo e ficar por conta. Fóóónnn! Fui a perfeita mula (que me perdoem as mulas).
Como havia acabado de conhecer detalhadamente o Mosteiro da Batalha eu achava que resolveria o passeio em Alcobaça em dois tempos, afinal, “é tudo a mesma coisa: mosteiro”. Fóóóónnn!
Para começar, me perdi dentro do mosteiro. Mesmo com um mapinha na mão — sabemos, criaturas matraquenhas não foram programadas para ler mapas — fiz um ziguezague sem tamanho, o que dificultou meu entendimento de como as coisas foram feitas ali e em que ordem cronológica.
Como nosso lema é aquela que vai primeiro para você não se estrepar depois, tente essa rota: ao lado esquerdo da entrada principal da Igreja está a Sala dos Reis. É um daqueles espaços eruditos do mosteiro.
No período barroco colocaram as estátuas dos reis de Portugal e as paredes ganharam painéis de azulejos rococós. O lindo mural conta a história da fundação mítica e lendária do Mosteiro de Alcobaça.
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Ao sair da Sala dos Reis você cai no centro do mosteiro, onde estão os jardins (com cheirosas laranjeiras) e o Claustro de D. Dinis (também chamado de Claustro do Silêncio, uma alusão à imposição aos monges que deveriam sempre guardar silêncio).
Esta era uma área de circulação entre todas as dependências.
Logo em frente ao Claustro de D. Dinis estão o Refeitório (com três naves abobadadas), a Cozinha (com uma grande chaminé barroca) e a Sala dos Monges, onde ficavam os noviços.
A sala tem grande comprimento e o excesso de colunas e abóbadas formam uma sublime perspectiva.
Já a Sala do Capítulo — a principal dependência monástica — fica praticamente ao lado da Sala dos Monges. Aqui, os monges se reuniam para debater assuntos pertinentes e de interesse da comunidade.
A entrada tem um arco considerado arquitetonicamente perfeito.
Aqui, havia o chamado parlatório, único lugar do mosteiro onde era permitida a conversa à toa entre os monges. (Algo como aquele momento-cafezinho, onde o pessoal aproveita para revisar o face no celular).
E os túmulos de D. Pedro I e D. Inês de Castro? Pois ficaram lá atrás, logo na entrada do mosteiro. Mas se eu tivesse falado deles logo de cara você não teria chegado até aqui. Rá!
Lembra aquele corredor gigante cheio de colunas em formato de abóbodas a mais de 20 metros de altura logo na entrada da igreja?
Então, os túmulos do Romeu e Julieta português estão lá no fundo da nave. Logo que você coloca o pé no Mosteiro de Alcobaça é só seguir reto.
A historinha é triste e foi repetida durante séculos em vários impérios. Dom Pedro I (português) se apaixonou por D. Inês de Castro (espanhola) e o pai de Pedro (o rei D. Afonso IV) mandou matar a moça por motivos de “não gosto de você”.
Inconformado, quando assumiu o reinado, D. Pedro I (atenção, este não é o nosso D. Pedro) mandou construir os túmulos, considerados obras-primas da escultura gótica portuguesa.
Feitos com calcário da região de Coimbra, os túmulos têm autor desconhecido. De um lado estão os restos mortais de Inês de Castro e do outro, repousa o corpo de D. Pedro I que veio a falecer em 1367, 12 anos depois da sua amada.
Nas bases da arca de Inês estão os bustos dos três assassinos e há representações da Infância e Paixão de Cristo, o Calvário e o Juízo Final. Já a própria Inês é retratada coroada de rainha.
No túmulo de Pedro, os rendilhados parecem bordados à mão. O contorno da arca reproduz toda a história dos dois amantes, que vai desde o envolvimento deles até a morte brutal de Inês. Suspirou? Imagine eu, vendo aquilo de pertinho!!!
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O passeio a Alcobaça, que está a 126 quilômetros de Lisboa, geralmente é feito em dobradinha com o Mosteiro da Batalha. O tour Fátima-Batalha-Alcobaça cabe direitinho num dia só, desde que seja feito de carro (recomendável) ou com a correria das excursões.
SERVIÇO
Local: Praça Principal.
Tel.: +351 262 505 120
Horário: de outubro a março, 9h às 18h; de abril a setembro, 9h às 19h. (Fecha: 1º de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1º de Maio e 25 de Dezembro)
Entrada: € 6. Crianças até 12 anos não pagam. Pessoas com mais de 65 anos e portadores de deficiência têm 50% de desconto.
Dica: se você pretende visitar Batalha, Alcobaça e o Convento de Cristo (que fica em Tomar) pode comprar o bilhete “Rota do Patrimônio” por € 15. Se adquirir os bilhetes separados você pagaria € 18. O “tíquete-combo” pode ser comprado em qualquer um dos monumentos.
COMO CHEGAR A ALCOBAÇA
De carro | Se você for, primeiro, a Fátima veja aqui como chegar ao maior santuário católico de Portugal. Dali você pega a rodovia N356. Siga as placas, a você verá as placas indicando Batalha, provavelmente sua parada antes de Alcobaça. São 30 minutos de Fátima a Batalha e de Batalha são mais 20 minutos até o Mosteiro de Alcobaça. Se você sair direto de Lisboa pegue a A8, em direção a Leiria. Nesta caso, você paga € 7,95 de pedágio. O trecho é feito em torno de duas horas.
De ônibus | A Rede Nacional Expresso tem linhas para Alcobaça partindo de Lisboa (1h50), Coimbra (1h30) e Porto (3h45) — além de outras cidades. Selecione a saída de “Lisboa Sete Rios”. Consulte sua rota aqui! Atenção: de Fátima a Alcobaça há um ônibus (e vice-versa), mas o ônibus não para em Batalha – que fica no meio do caminho. A rodoviária de Alcobaça está a 2 quilômetros do mosteiro.
De táxi | Existe uma central de táxi em Fátima que faz um tour de meio dia aos mosteiros de Batalha e Alcobaça, partindo do santuário, por cabeludos € 120 — valor para até 4 pessoas. Se interessar, entre em contato aqui.
De excursão | Existem muitas agências que organizam este tour, incluindo uma visita à Fátima e ao Mosteiro da Batalha, que estão ali pertinho. O valor do passeio varia de € 75 a € 150 por pessoa. Consulte no seu hotel.
O Mosteiro da Alcobaça combina com:
– Batalha (20 km)
– Fátima (43 km)
– Nazaré (15 km de Alcobaça)
Distâncias de Alcobaça a:
– Lisboa: 126 km
– Porto: 215 km
– Coimbra: 107 km
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Ainda bem que eu fiz os passeios na ordem certa! Amei Alcobaça para depois ficar de queixo caído quando avistei o Mosteiro da Batalha! Mas sabe quem ficou prejudicado na minha viagem? O Mosteiro dos Jerônimos! Fui lá no penúltimo dia da viagem e eu já havia visto tantos mosteiros que ele acabou se tornando apenas mais um. 🙁
Desta vez eu nem entrei no Mosteiro dos Jerônimos!
Owwwn, que lindo! Só pela história de amor mau-sucedida eu já gostei! Já fui até no Google fazer a pesquisa! 🙂
Clarissa, história triste e linda… 🙂
Silvia, e belem? Desististe? Ou ja foste durante a expedicao brasil express ii mas ainda nao deu tempo de publicar?
Maaagina que eu desisti! Bem, era surpresa, mas já que você perguntou… será a próxima parada da Expedição Brasil Express.
Vou no fim de setembro, antes do Círio. (Não consegui passagem a preços dignos – nem com milhas – durante o Círio). Mas o bom é que faça uma geral esse ano e depois volto só para o Círio (começando a poupança a partir de hoje!) 😀
Hahahaha q bom! Aproveita! Se tiveres alguna duvida me manda um email. Ah, eu estarei em belem no cirio 😉 No sabado da véspera irei ao cirio fluvial tb.
Ah, um consolo p/ ti: final de setembro belem ja ta muito no clima do cirio. A cidade ja ta toda enfeitada (as ruas, as casas, acho q o aeroporto tb, as lojas…). Tudo esperando pelo cirio. Terás uma amostra. Eh o natal dos paraenses. As pessoas se desejam “feliz cirio”/”bom cirio” da mesma forma q desejam umas às outras “feliz natal” em dezembro.
Um tempão atrás, fiz um belo tour por Portugal mas o que ficou faltando mesmo foi Alcobaça… Nas aulas de literatura no colégio eu sempre ficava babando, imaginando a história de D. Pedro com a Inês de Castro e não me conformo que não fui aí!!
Fernanda, é um mosteiro lindo, mas o da Batalha é muito mais imponente. O legal é isso que você falou, o de Alcobaça tem essa incrível história de amor guardada! 😀
Visitei em 2011 este Mosteiro. Fizemos o tradicional Fátima-Batalha-Alcobaça e Nazaré. Estivemos no mosteiro e depois almoçamos por lá. Achei o local lindo e com um gostinho diferente, pois conhecemos a história: agora é tarde, Inês é morta!
É isso, daí vem o ditado… 😀
Viajar é sempre bom mesmo! Olah! Gostei muito desse blog, almoço em Cedral http://restaurantecedralat.com.br/ , perto de São José do Rio Preto e não gastei R$ 10. Muito saborosa a comida e sempre tem uma gostosa sobremesa!
Silvia, sem desmerecer o post (ótimo, por sinal), vou fazer um comentário no maior estilo #brioches: seus figurinos de viagem sempre arrasam!
Um beijo,
Hahahaha! Cê tá de gozação, né? Eu sou a pessoa mais relapsa com os meus figurinos de viagem, porque são simplesmente os mesmos há mais de 10 anos. Essa calça da foto é uma saruel (se a Gloria Kalil vir isso sou excomungada), que comprei há mais de cinco anos. Adoro porque é confortável à beça, embora muita gente ache o modelito out! Tenho fotos com ela em Santiago, Tiradentes, Lisboa, João Pessoa e por aí vai. 😀
Historia mais linda que eu li, obrigado Matraqueando pelo conteúdo lindo, me inspirou a semana inteira, mais só hoje postei aqui, Obrigado pela historia de amor Beijooosss
que lindo!!