Momentos de extravagância: mais do que luxo, experiências felizes
Viajar 100% mão-de-vaca-muquirana é deprimente. A inhaca começa quando você passa a restringir passeios importantes, abreviar os restaurantes, encurtar as saídas noturnas, diminuir o investimento em souvenires, tipassim, “corta o imã de geladeira”. Desejo sorte, mas aviso: sua viagem acaba antes mesmo de começar.
Não se trata de desrespeitar um orçamento restrito. Proponho apenas abrir a mente para entender que momentos de extravagância devem fazer parte do seu roteiro. Aprenda a identificar as experiências de luxo que mais combinam com seu estilo e expectativas de prazer. Em muitos casos, elas nem são tão caras como você poderia supor.
Ninguém está falando para deixar o salário do mês em algum restaurante estrelado para comer duas tirinhas de carne enfeitadas com um ramo de salsinha se a alta gastronomia não significa nada para você ou para sua família. O foco do momento-extravagância deve ser algo dentro da sua capacidade de investimento, mas que proporcione uma vivência singular e diferente do seu dia a dia.
Experimente almoçar no restaurante do MASP – o mais importante museu de arte da América Latina. Servem um bufê em estilo self-service com uma grande variedade de pratos – do bacalhau à anchova grelhada, do salmão ao filé mignon. Gasta-se entre R$ 25,00 e R$ 40,00. A pompa está justamente no lugar e na companhia: um acervo espetacular com grandes nomes da pintura.
Você aprecia vinhos? Ah, sei, o orçamento apertado sempre impede de trazer aquele Malbec queridinho. Eu não voltaria frustrada. Procuraria as melhores casas do ramo no meu destino e torraria logo umas cinquenta pilas num abridor alemão dois estágios – seja lá o que querem dizer com isso. Assim, eu não teria apenas uma única garrafa para compartilhar com os amigos uma única vez, mas um acessório sofisticado para exibir a vida inteira.
Não pode comprar, mas quer apurar o gosto? Pague R$ 20 por quatro horas de estacionamento na Daslu – o templo do consumo de luxo no Brasil. Já no Duty-Free você sempre lança aquele olhar lânguido e pidoncho para cima dos chocolates belgas, mas acha um absurdo pagar R$ 30,00 (algo em torno de US$ 17) em uma barra de 250 g? Peralá, pense. Por que não fazer desse investimento um momento-extravagância? Primeiro, você deseja profundamente aquilo. Segundo, vai desfrutar de forma colossal. Terceiro, você não vai ficar R$ 30 mais pobre. Vai ficar alguns anos mais feliz! Estado que, convenhamos, nenhum dinheiro pode comprar.
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Texto originalmente publicado na minha coluna “Viagens Econômicas e Inteligentes”, que sai toda semana no portal Descubra Brasil.
É isso mesmo! Eu sempre me dou um presentinho durante uma viagem, é algo que dá um sabor “especial” à viagem como um todo!
Beijos
Concordo plenamente! Se durante a viagem não pudermos ter um momento de extravagância, melhor nem fazer as malas. A graça de uma viagem está justamente nisso: fazer algo diferente e que infelizmente ou felizmente tem um preço. Eu sempre gosto de comprar alguma coisa que me lembre o lugar que visitei e se custar caro, paciência! Não vou deixar de comprar por causa disso. Faz parte da vida, não é verdade?!
Um beijo, querida!
Certíssima, Sílvia! Faço isto não só em viagens, mas para melhorar meu dia a dia. Jantares em restaurantes bacanas, roupas pelas quais me apaixono e TENHO que me presentear, e por aí vai. Já pensou estar em Paris(por exemplo) e não poder fazer nem uma extravagância?! Beijos
Otimo!!! Assino embaixo (no bom sentido, é claro )
Quando a gente volta de uma viagem, raramente se arrepende de ter feito alguma extravagância em nome de um grande ou de um simples prazer…a gente costuma se arrepender justamente do contrário, das coisas que não fizemos….
Apoiada! Pena que nossos “maridos” ainda não pensam assim! Comprar um chocolatinho Belga no Duty-Free sai mais barato que a passagem aérea+hospedagem para a Bélgica não acha?
Eu sempre reservo um “extra” para as extravagâncias e faço cara de cachorro magro quando meu parceiro pergunta: “Tem certeza de que vai levar isso?”