Lisboa Story Centre: nova atração multimídia conta as memórias da capital portuguesa
A brincadeira custou 3 milhões de euros. Os portugueses reclamaram do resultado, “muito dinheiro para pouca coisa”. Sem entrar no mérito do angu local, já dou meu veredicto: o Lisboa Story Centre é a melhor novidade turística da capital na última década.
Foi inaugurado há menos de um ano e já se transformou num dos pontos mais visitados da cidade. Trata-se de um centro tecnológico e multimídia que conta a história de Lisboa desde a fundação, passando pelos principais acontecimentos da capital – como os grandes descobrimentos – até chegar aos dias de hoje.
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O centro de interpretação tem salas que reproduzem sons, cheiros e até o terremoto de 1755 – a grande tragédia da cidade. Ao entrar no Lisboa Story Centre você recebe um audioguia (incluído no valor da entrada) que funciona como um GPS. Ao começar o circuito (que dura mais ou menos uma hora), o aparelho identifica a sala onde estamos e o narrador (com típico sotaque lusitano) dá início ao tour – que você faz sozinho e no seu ritmo.
Cada sala retrata um período da história de Lisboa. Logo no começo, após a introdução sobre as lendas e mitos que circundam a fundação da cidade, você circula por um ambiente que reproduz um armazém da Lisboa quinhentista. É possível sentir cheiro (um dispositivo vai liberando os odores) de canela, café e gengibre – produtos trazidos do Novo Mundo pelas caravelas.
Durante todo o trajeto vários filmes rápidos são projetados nas paredes ou em pequenos telões com atores caracterizados representando determinado período. É sempre tudo muito real e envolvente.
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Um das partes mais esperadas é a imersão no terremoto de 1º de novembro de 1755. Ao chegar à sala indicada começa um filme quase que aterrorizante. Eles reproduzem, com a ajuda da computação gráfica e de atores num ambiente épico, o que foi aquele dia sinistro.
É um pequeno curta-metragem de oito minutos que mostra a tragédia nua e crua – com incêndio, maremoto e gente morrendo em cenas muito reais. Algumas das imagens mostram o Convento do Carmo reduzido às ruínas que conhecemos hoje.
Até que, em algum momento, a própria sala do Lisboa Story Centre começa a tremer. Não é nada demais, mas do jeito que eu sou bunda-mole para essas coisas fiquei muito impressionada. Acho até que crianças pequenas podem sair daqui assustadas.
Fiquei tão envolvida que nem tirei fotos do filminho, mas foi melhor assim. Quando você visitar o centro não poderá me chamar de spoiler. Rá!
Ao sair da sala meio atordoada ainda encontro algumas representações da destruição causada pelo terremoto. Mas, em seguida, entramos na parte motivacional da coisa. Aparecem o visionário Marques de Pombal e seus assistentes planejando a nova Lisboa.
É dele a frase “enterrem os mortos e cuidem dos vivos”. A discussão de Pombal com outros políticos em meio a mapas e planos arquitetônicos é projetada num holograma – o que faz parecer que ele está ali, a sua frente, decidindo os rumos de Lisboa.
A reconstrução da cidade deu início à baixa pombalina, um exemplo de engenharia e arquitetura que serviu de inspiração para muitos países durante os séculos seguintes. O passeio termina contando a história do Terreiro do Paço (onde está localizado o centro), local emblemático da cidade.
Por meio de uma exposição de jornais antigos, revisitamos alguns fatos marcantes que aconteceram ali como o assassinato do rei D. Carlos (em 1908) e a invasão dos tanques de guerra durante a Revolução dos Cravos (em 1974).
No primeiro andar há uma maquete de Lisboa onde você consegue visualizar toda a cidade e entender melhor a distribuição de bairros como Alfama, Chiado e Belém. Aqui também acontecem as exposições temporárias e temáticas (incluídas no preço do ingresso), sempre voltadas ao passeio anterior.
Apesar do mimimi entre os lisboetas sobre o centro (os € 3 milhões geraram imensa expectativa num país em crise), a proposta é encantadora e adoraria ver algo semelhante no Brasil. É certo que eles se focaram muito na questão do terremoto e na reconstrução da cidade – deixando de lado alguns ícones intelectuais da cidade como Fernando Pessoa e Amália Rodrigues. Mas se a proposta era resgatar a memória da cidade, o projeto não deixa de ser audacioso e cumprir sua obrigação.
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SERVIÇO
Local: Praça do Comércio, 78-81. (A Praça do Comércio é conhecida como Terreiro do Paço).
Metrô: Terreiro do Paço (linha azul)
Tel.: +351 21 194 1099
Funcionamento: todos os dias, das 10h às 20h – última entrada às 19h.
Entrada: € 7. Estudantes menores de 16 anos e pessoas com mais de 65 anos pagam € 5. Crianças de 6 a 15 anos pagam € 3 e para menores de 5 anos a entrada é gratuita. O audioguia, disponível em 9 idiomas, está incluído no preço. O português vem com sotaque lusitano e ainda tem uma versão para criança na nossa língua.
Dica da Matraca: aproveite para ir às segundas-feiras quando a maioria dos museus de Lisboa está fechada. Do lado do Lisboa Story Centre fica o Museu da Cerveja, que funciona diariamente das 10h às 22h. A entrada custa € 3,50 e dá direito a um copo para ser utilizado na degustação do final do passeio (tudo incluído).
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Texto e fotos: Sílvia Oliveira | Todos os direitos reservados.
Minha família adora visitar museus que contam a história da cidade, depois de uma grata surpresa em Paris!
Fernanda, eu amo! 😀
Silvia, eu passei por lá, vi as placas do museu, mas acabei não entrando! Primeiro porque meu tempo em Lisboa foi pouco para fazer tudo o que eu queria (na verdade o problema nem foi o tempo, mas eu não estava num ritmo muito frenético, sabe?). E também porque faltava esse post para eu saber que era uma atração tão legal! Mas não tem problema! Já decidi que minha porta de entrada na Europa vai ser sempre Lisboa, então vou ter outras chances de visitar o que eu perdi na primeira vez! 😉
Camila, antes de ir eu vi vários relatos em blogs portugueses (não encontrei nenhum relato em blog brasileiro) e eles eram muito críticos ao Lisboa Story Centre. Alguns gostavam, mas diziam que esperavam “mais”. O detalhe é que gastaram uma dinheirama num momento em que o país está numa mega crise e criou-se uma muita expectativa. Mas aquilo é fantástico, principalmente para nós turistas que não temos nada a ver com o babado deles! 🙂
Silvia, vou incluir mais essa sua sugestão no meu roteiro de Lisboa na próxima viagem!
Sobre ter algo parecido no Brasil, não sei se do mesmo tamanho, mas por tudo que você falou me lembrou muito o Memorial Minas Vale na Praça da Liberdade, em BH. Fiquei muito impressionada com o que vi.
Abraços!
Adri! Lembra muito também o Museu da Gente Sergipana, em Aracaju (já visitei mas ainda não escrevi aqui). Acho que eu queria ver algo semelhante mais focado no Brasil como um todo… assim como é museu da Língua Portuguesa totalmente focado no nosso idioma! 🙂
Olá Olá,
Eu fui visitar o Lisbon Story Center e até gostei bastante, fala resumidamente e de forma muito bem feita e divertida sobre a história da minha cidade, uma das mais antigas da Europa, e o ingresso ainda tem acesso a subir ao arco da rua augusta que é so espetacular