Comidinhas de rua
É certo. Na França ninguém perde um crepe de esquina. Se o destino for Grécia, todo mundo quer experimentar o gyros – o nosso churrasquinho grego. Ao circular pela Alemanha, qualquer salsichão é bem-vindo. No Brasil, se você sai para comer um bolinho de bacalhau, ali no bar daquele tiozinho perto do seu trabalho, todo mundo vai dizer: óóó, cuidaaado!
Comidinhas de rua sempre tiveram fama – seja pela diversidade, preço baixo ou risco de provocar um desarranjo inconveniente. Verdade seja dita. São irresistíveis. O segredo está em encontrar uma comidinha boa-pinta, com seguro de origem (a indicação de alguém, por exemplo) e garantia de saída. Lugares cheios significam que o quitute é novinho já que o rodízio de gente é grande.
Se seu amigo estrangeiro viesse ao Brasil e quisesse provar algum pitéu ou petisco típicos daqui o que você recomendaria? Pão de queijo? Mandioca frita? Fariam sucesso. Agora, arrisque mais. Em qual outro lugar do mundo você encontra coxinha de frango com catupiry? Imagine oferecer uma iguaria dessas por apenas R$ 2,50? Passando por qualquer feira ao ar livre, o pastel de carne (com caldo de cana!) sempre dá samba e para o gringo não sai mais do que US$ 2,00.
Sem falar no espetinho, assado na hora. Sim, aquele que muita gente desconfia de que seja feito com carne de gato. Por que quando você está fora do Brasil não faz as mesmas suposições? Gato existe em qualquer lugar do mundo. Pois é, trate de deixar o preconceito trancado dentro da mala. Aposto que quando você pede na Holanda aquele cone de batatas fritas cheio de maionese nem pensa que isso, de fato, pode dar uma tremenda desconjuntura e acabar com sua viagem.
Imagino, algum receio você teve na Bahia quando pensou duas vezes antes de provar o acarajé – uma das especialidades gastronômicas mais típicas do país. Por módicos R$ 3,00 é possível mergulhar na culinária local e provar uma massa suave feita de feijão-fradinho, frita em azeite de dendê e recheado com uma pasta de vatapá, camarão seco, pimenta (a gosto!) e salada. Daí para a pamonha são dois pulos. Geralmente vendida na beira da estrada, ao lado do curau – outro acepipe com a cara do Brasil – o manjar de milho cuidadosamente embalado numa palha deveria virar patrimônio imaterial.
Provemos, então, o afamado sanduíche de pernil, oferecido nas melhores casas do ramo. Pão crocante, carne desfiada e levemente tostada. Alguns acompanham pedacinhos de abacaxi. Mais tupiniquim do que isso só o queijo coalho – feito na hora, em baldes improvisados pelos vendedores ambulantes espalhados pelas principais praias do Brasil. Custa entre R$ 1,50 e R$ 3,00 – quando muito caro. Aliás, não só na praia. O melhor queijo coalho que comi foi na Rua 25 de Março, em São Paulo. Uma temeridade, eu sei. Mas, como podem ver, sobrevivi para contar história.
Foto: Queijo coalho na Rua 25 de Março, em São Paulo. (Raul Mattar)
Texto publicado originalmente na minha coluna “Viagens econômicas e inteligentes”, que sai semanalmente no portal Descubra Brasil.
Eu adoro comida de rua, as vezes parece meio perigoso, mas eu nunca passei mal!
Você viu o e-mail que te mandei?
Beijos
Oi Pati, vi, sim! Escrevo para você hoje à noite! beijão!
Rárárá. Já tinha lido lá no portal. Realmente a gente se esquece de dar valor ao que é nosso, tão bom e tão baratinho! Abs!
Fia, por onde anda o Murilo???
Achôôô!
Hahahaha, tonto! Cê me abandonou?
Sílvia, vc acredita que aqui no Rio o “choque de ordem” proibiu a venda de queijo coalho na praia? Era super tradicional. Só dá pra encontrar agora nas praias mais distantes, como na Reserva, na Barra da Tijuca. Nem o “cara” do Mate Leao pode mais vender sem ser no copinho….a praia nao é mais a mesma
Bjs
Pois é, fiquei sabendo! Acho que esses controles devem ter lá seus benefícios, mas é difícil acabar com as coisas tradicionais, né?
Olá Silvia, obrigado pelo recadinho… o paiê aqui já tá pensando na primeira viagem com o novo tripulante 🙂
A gente só pensa nisso, né! Rá! Se você tiver alguma dica ou ideia legal para fazer com os bacuris não esquece de me contar, viu? Abs!
Nos meus tempos de estudante eu adorava o cachorro-quente vendido na frente do Colégio Rosário em Porto Alegre. Delííííícia!!! E amo milho cozido na praia 🙂 Nhac-nhac-nhac!
Beijos, Angie
Nunca vou me esquecer do cachorro quente da Higienopolis la em Londrina. O melhor queijo coalho que comi foi em Maceio na piscina da Pajucara. A pior experiencia da matilde, a lombrigona que mora no meu estomago, foi na Bahia.Nao resisti o ritual da baiana fazendo acaraje. Foi uma trajeia. O acaraje nao e la essas coisas para o meu gosto e o meu intestino entao……….. Quase amarrei uma cordinha no pescoso pro celebro nao cair no vaso sanitario. Cruzes!!!!!!
Mara, por isso que eu digo, tem que avançar nas comidinhas de rua dos pontos indicados e reconhecidos. Na minha primeira vez em Salvador, há 10 anos, um acarajé também me caiu muuuito mal. Fiquei anos sem provar qualquer um. Até que me indicaram um bom, ali na região do Pelourinho… e gamei! Bjs! (Hahahaha, “ceLebro”! foi demais) hahaha!
Perfeito seu comentário! (como sempre, aliás! 🙂 ). Eu sou fã incondicional do Anthony Bourdain, e em todos os programas ele dá uma ênfase grande na comida de rua, que sempre é a que melhor representa a cultura local. E você tem toda a razão ao abordar a questão do preconceito. Uma vez em entrevista ao David Letterman,este pergunta ao Bourdain, que já comeu de tudo, entre cobras e cérebros, qual a comida mais nojenta que ele já provou. Resposta? uma famosa rede mundial de hamburger… Estou agora em BsAs e os choripans vendidos nos carrinhos da Costanera Sur podem ser uma experiência gastronômica muito mais interessante do que muitos restaurantes caríssimos no Puerto Madero. Fascinante teu texto! Abraço!!
Ai, ai, ai, eu quero un chiropán…. Morri de rir com a resposta do Bourdain sobre a rede de hambúrguer, hahahahaha! Abs!
Eu sempre acabo engordando nas viagens exatamente por causa destas comidinhas de rua. Uma delícia e faz parte do passeio. Quem resiste?
Nossa, eu morro de medo dessas comidinhas de rua, especialmente depois que vi umas matérias de TV fazendo análise da quantidade de coliformes fecais. Credo!
Hahahaha! Parece que você não leu o post, Alan. Eu digo: “O segredo está em encontrar uma comidinha boa-pinta, com seguro de origem (a indicação de alguém, por exemplo) e garantia de saída. Lugares cheios significam que o quitute é novinho já que o rodízio de gente é grande.” Não dá para encarar qualquer lugar! Aliás, problemas com a vigiliância sanitária até restaurante estrelado tem! Isso é uma loteria, infelizmente!
Silvia , adoramos uma comidinha de rua, em especial aquele Acaraje da Cira em Salvador, acho q por muita sorte nunca passamos mal !!!
bjs
Ellen & Antonio