Centro histórico de João Pessoa: modo de usar
Não tive a pretensão de esquadrinhar o centro histórico de João Pessoa como fiz em São Luís do Maranhão. O principal acervo arquitetônico da Paraíba até merecia uma visita detalhada, mas era uma questão de prioridade e tempo da nossa expedição que, aqui, estava focada nas praias e arredores da cidade.
Como viajei com marido e filha, a gente acabou se dividindo nesse dia. Enquanto fui subir ladeira sob um sol e calor escaldantes (o que teria sido desumano para uma criança de 4 anos), o Raul aproveitou a praia de Cabo Branco com a Mariana. Rá!
Casario da Praça Antenor Navarro
Para conhecer onde João Pessoa — a 3ª capital mais antiga do país — praticamente nasceu peguei um ônibus em Tambaú (principal praia da cidade) e depois de 45 minutos desci perto da Praça Antenor Navarro (na Cidade Baixa). Ali, um delicado quadrilátero — cheio de casarões coloridinhos e bem conservados — já teria sido suficiente para me deixar deslumbrada.
Igreja de São Frei Pedro Gonçalves
Em 2007 o Centro Histórico de João Pessoa foi tombado pelo IPHAN como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O mais interessante é que as construções revelam não só o barroco colonial (comum em muitas de nossas cidades antigas), mas, também, detalhes de Rococó, Art-nouveau e Art-déco — destaques arquitetônicos destas casinhas fofas das décadas de 20 e 30.
O adro da Igreja de São Frei Pedro Gonçalves, de 1843, (com pintura novinha em folha) — bem ao lado da Praça Antenor Navarro — também foi revitalizado e abriga lojinhas, restaurantes e ateliês. No local, a pompa histórica fica por conta do Hotel Globo (de 1929), um dos primeiros hotéis de luxo da cidade, onde só se hospedava peixe graúdo da política e sociedade nacional.
Antigo Hotel Globo: local privilegiado para assistir ao pôr do sol.
Muita gente me recomendou assistir ao pôr do sol no antigo hotel (que hoje é centro de informações turísticas e museu) com o Rio Sanhauá ao fundo.
Mas ou eu assistia a mais este pôr do sol (já havíamos visto o mais emblemático deles na Praia do Jacaré) ou seguia para o principal e mais importante conjunto de arte barroca do estado: o Centro Cultural São Francisco.
Fiquei com a segunda opção e foi absolutamente deslumbrante descobrir que o entardecer lá na Cidade Alta (onde fica o centro cultural) realçaria ainda mais a fachada da igreja, proporcionando um final de tarde inesquecível. (Mas eu ainda volto para ver o do Hotel Globo, combinado?)
Ladeira de São Francisco, a rua mais antiga da cidade.
Para chegar ao Centro Cultural São Francisco — vindo da Praça Antenor Navarro — é bem fácil (no sentido geográfico da coisa). Você pega a Ladeira de São Francisco, considerada a primeira rua da cidade, e… prepare- se para colocar os bofes para fora. São uns 20 minutos de caminhada morro acima. Há quem prefira, inclusive, começar a visita pelo centro cultural e descer até à praça. Mas eu optei por finalizar meu passeio no monumento apoteótico da cidade.
No meio do caminho, outro atrativo (fechado para visitação) é a Casa da Pólvora. Nessa altura quando você olha para trás tem uma linda vista da cidade baixa, com a Igreja de São Frei Pedro Gonçalves lááá no fundo.
Já o Centro Cultural São Francisco é um dos mais notáveis exemplos do barroco brasileiro. A visita é obrigatoriamente guiada e custa R$ 4. O complexo reúne igreja, convento, capela, casa de oração, claustro e um enorme adro com o emblemático cruzeiro.
Você terá acesso a azulejos do século 16, a móveis de época e — ponto alto — à Capela da Ordem Terceira de São Francisco com aquela enorme quantidade de ouro no altar, um “pormenor” das igrejas do período colonial.
Aos subir as escadas feitas com mármore de Carrara é possível conhecer dois pequenos museus — um de arte popular e outro de arte sacra — e o antigo coro feito de jacarandá. São muito detalhes, muitas histórias que vão do chão ao teto pintado com curiosa ilusão de ótica.
Minha visita terminou perto das cinco da tarde (horário de fechamento do centro cultural). Mas do lado de fora o presente continua até o sol cair por completo.
Dicas da Matraca
1. O melhor horário para fotografar as casinhas coloridas da Praça Antenor Navarro é cedinho. O sol bate direto nelas (quando cheguei lá, às 14h, já havia sombra). Para garantir as melhores imagens do Centro Cultural São Francisco você tem que ir depois das 16h, quando a luz do entardecer deixa a fachada da igreja muito mais bonita.
2. Eu fui por conta, usando transporte público, e me arrependi de não ter contratado um city-tour, passeio guiado oferecido pela maioria das agências da cidade. O centro histórico é espalhado e fica muito longe das praias (onde estávamos hospedados). Só entre ir e voltar com o transporte coletivo foram quase 2 horas de viagem. Sem contar que, ao chegar lá, fiquei meio perdida nos rococós e datas das construções.
3. Existem muitas outras edificações importantes no centro histórico da capital paraibana — que eu não visitei — mas que podem ser incluídas no seu roteiro como o prédio do Tribunal da Justiça (1865) e o Palácio da Redenção (1586), ambos na Praça João Pessoa; o Theatro Santa Roza (1889), na Praça Pedro Américo e a Igreja Nossa Senhora do Carmo (1592), na Praça Dom Adauto.
Como chegar ao centro Histórico de João Pessoa
Ônibus | Pegue o ônibus 507 e peça para o motorista deixar você o mais próximo da Praça Antenor Navarro. Da Praia de Tambaú até o centro são uns 45 minutos. É longe pra dedéu. Passagem a R$ 2,20.
Excursão | Várias agências da cidade oferecem um city-tour pelo centro histórico. Se eu soubesse que o trajeto de ida e volta para o centro seria tão demorado e cansativo, teria contratado este tour. Pelo menos iria numa van com ar condicionado e teria alguém para me explicar melhor por onde passei. Cobram, em média, R$ 30 por pessoa. Apesar de parecer infinitamente mais caro do que o transporte público, o custo-benefício aqui vale a pena.
Táxi | A corrida da Praia de Tambaú até o centro histórico de João Pessoa fica em torno de R$ 25. Ou seja, uns R$ 50 — ida e volta. Portanto, mais uma vez, na minha opinião, vale a pena o city-tour.
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Fotos: Sílvia Oliveira
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Minha viagem à Paraíba faz parte da Expedição Brasil Express II — projeto do Matraqueando que leva recortes do nosso país até você.
Adorei as casinhas coloridas e os azulejos. Realmente a terceira capital mais antiga do Brasil tem todo seu charme de época. Linda arquitetura também.
Adorei. Beijos
Fiquei encantada! 🙂
Mas que preciosidade! Eu juro que nem imaginava uma belezura dessas em João Pessoa. E esse Centro Cultural? Que coisa mais linda! Mas fala a verdade, Silvia! Você se lembrou de mim por causa do centro histórico lindo ou por causa da Praça Antenor Navarro? 😉
Beijos!
Hahaha! Eu nem tinha me tocado da Praça “Navarro”…. Eu me lembre de você pelo casario mesmo! Bjs!
Estive em JP com minha esposa em 2009 e assim como vocês, nosso foco eram as praias. Mas acho que se tivéssemos lido previamente um post como esse seu provavelmente teríamos mudado de ideia e percorrido um pouco esses lados – até porque estávamos de carro alugado, então tínhamos uma certa agilidade… Realmente essa pintura tá com cara de tinta fresca, acho que pintaram depois de 2009. E como entusiasta da fotografia que sou, quando voltarmos lá vou observar sua dica de visitar a praça Antenor de manhã cedo!
Oi, Robson! Vale uma tarde ou uma manhã no centro histórico! É fofo! 🙂
Oi, Sil. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Natalie – Boia Paulista
Valeu, Boia Paulista! 🙂
Silvia, adorei!
Não imaginava Joaõ Pessoa sendo assim mesmo!
Oba! Já vai pra minha listinha. Adoro um centro histórico com casinhas coloridas 😉
É luxo! 🙂
Sempre leio os seus posts e adoro o seu blog…adorei a matéria sobre minha cidade João Pessoa…faltou conhecer a Antiga fábrica de vinhos Tito Silva que fica na Rua da areia perto da Praça Antenor Navarro…a Estação Ciências (projeto de Oscar Niemeyer) também merecia visita, o farol do Cabo Branco, a feirinha de Tambaú e todas as praias maravilhosas…
Olá, Dailza! Eu fui três vezes à Estação Ciências, feirinha de Tambau, fiz o Litoral Sul… é que os posts ainda não foram publicados! 😉
Lindas fotos ! mas parece que não foi informada e não percebeu que o Centro Histórico de João Pessoa tem um projeto de Sinalização e Roteirização Turística, pioneiro no país desde 2009, pois não somente interpreta] detalhes de 36 monumentos histórico-culturais, mas orienta uma visita à pé… Você chegou a postar uma foto de uma placa indicativa na Casa da Pólvora, infelizmente ainda fechada pra visita, mas não postou nenhuma placa informativa externa, nem interna, nem placa de mirante, nem placa de situação direcional da área onde se encontra o visitante(colocada nas praças) no roteiro. Tem um roteiro Cidade Alta e outro Cidade Baixa. Uma pena mesmo não ter destacado essa ação desenvolvida pela SETUR do município de João Pessoa em parceria com i IPHAN/PB, CDCH – Comissão de Desenvolvimento do Centro Histórico e financiado pelo Ministério do Turismo. Vale a pena voltar e verificar se a gestão atual tem dado a atenção necessária e mantida a impressão dos foldes/mapas para fazer os roteiros auto-guiados… Projetos implantados podem ser analisados e alterados ou ampliados, é o que percebemos após um ano da prestação de contas juntos ao MTur, mas não tivemos tempo de gestão suficiente para essa ação. Vale a pena retornar !!!
Olá, Elzário!
Como destaco na primeira linha do post não tive a menor intenção (por uma questão de prioridade mesmo) de esquadrinhar o Centro Histórico de João Pessoa. Não foquei neste roteiro das placas que, sim, deve ser muito interessante. Espero mesmo poder retornar em breve! 😉
De qualquer forma, não sou fiscal de governo para avaliar o trabalho da gestão atual. Você, que já trabalhou como secretário de turismo para Luciano Agra e Ricardo Coutinho, teria muito mais propriedade para avaliar essas questões e levar aos órgãos competentes suas impressões.
Abs!
Caro, ex-secretário…
Não seria melhor a própria Secretaria ter um projeto de divulgação das belezas e dos roteiros de nossa cidade entre os blogueiros de viagem.
Não sei se o você é leitor desse tipo de site, mas se acompanhá-los verá que a grande maioria viaja de forma independente e relata aquilo que acha relevante aos leitores. Nenhum deles tem obrigação de comparar a gestão A ou B, muito menos de dar crédito ao gestor que fez isso ou aquilo.
sr. secretario, se a turista não viu a sinalização, é porque a sinalização não foi bem feita, algum erro muito grave ocorreu entre os responsáveis por isto, veja só, se o trabalhem feito de sinalização fosse bem feito seri a comentado pela turista, perderam uma oportunidade. mas tem tempo, mexam-se e refaçam o trabalho, desta vez façam direito. sou do RS e estou em natal a trabalho, a cidade aqui esta horrível, suja, poluída, o pessoal tem falado muito bem de joão pessoa.cuidem,cuidem, senão vira uma natal…..
Silvia,
Adorei seu blog. Contemplei cidades visitadas e ainda não visitadas. Sou de Recife da peste e amo Jampa. Estudei lá durante 6 anos e conheci pessoas e lugares incríveis.
Passei por alguns desses pontos no final do ano passado, mas estava tão quente e vazio que preferi não descer do carro. Não tinha sequer uma padaria aberta pra comprar uma água ou souvenir. Isso deu até certo medo. Afinal, pra um lugar bonito como aquele estar completamente vazio, alguma coisa deveria ter de errado. Além do mais, me pareceu mais agradável passar mais um dia relaxando na praia.
O que seria do amarelo se todos gostassem do azul, néam?
Olá Sílvia!!!
Sou de Belém do Pará e estive nesta cidade maravilhosa semana passada.
Participei de um evento universitário o qual a cidade de João Pessoa foi cede e com muita responsabilidade, seriedade pude aproveitar do evento e claro desta maravilha localizada no estado da Paraíba.
Ao chegar na cidade diz um passeio na orla de Tambaú com visitações na feirinha e no centro de informações turísticas que parecia ser um lugar como galeria de artigos regionais. Andar na orla, tinha uma empresa que fazia passeios e com certeza fui ao litoral sul visitando Jacumã, praia do amor, coqueirinho, gamba a entre outras… Fiquei deslumbraaaaado com tanta beleza!!! No dia seguinte fui á abertura do evento que aconteceu na Estaçao Ciências minha gente o que é aquilo/???? Lindo demais!!!!
Fiquei hospedado em um hotel em frente a orla Tambaú para facilitar o acesso já que tudo acontece ali nas proximidades….
Passeei pelo centro histórico nooosssa!! Que lindo! Fiquei encantado!! Igreja de São Francisco meu Deus parece um castelo!!! Cidade riquíssima em cultura, fui na praça Antenor Navarro, saí explorando centro a dentro. Passei por 4 igrejas, dezenas de casarões, histórias e mais histórias muito firme!!! Passei pela casa de pólvora como mostrou nas fotos…. Ah!! Seu post ta perfeito, pois nos ajudou bastante a conhecer antes de chegar a cidade, mas so um parêntese não achei muito distante da orla para a praça Atenor demora cerca de uns 20 min acho que 45 é um pouco exagero…. Nem quando fui até o terminal integração em horário de pico mo trânsito não demorou 45 minutos como falou mas em fim…
Desde já agradeço demais por sua ajuda postando sobre essa cidade maravilhosa que com certeza voltarei para matar saudades e andar de trem que foi uma coisa que nao fiz. Quando estava saindo da cidade vim conversando com uma moradora da cidade e ela me falou que a passagem custava somente 50 centavos e você poderia desfrutar de paisagens maravilhosas no decorrer do trajeto, como a mesma disse “é muito bom para pegar umas fotos” e com certeza irei para ver o tão falado por do sol na praia do jacaré que não deu…. 🙁
Fica para uma próxima!!! Lindo demais, tudo como imaginei e até mais!! Superou literalmente as expectativas…. Nossas capitais nordestinas tão dando um show se comparado a outras cidades por aí inclusive a minha uma pena!!! Parabéns….. Continue com seu trabalho maravilhoso… Bj
*TAMBABA
Primeiramente quero parabenizar você pela forma que conduz as tuas experiências de forma autentica e bem humorada. Quem já conhece o local se sente andando contigo(Até mim cansei com a imaginação de subir a ladeira da casa da pólvora. rsrsrsrsr), e quem ainda não veio tem uma boa descrição dos locais onde se pode andar e aproveitar. Só quero dar umas dicas pra quem ainda não veio, em relação aos transportes públicos, além da linha que a Silvia falou, tem mais outras que passam nas proximidades do Hotel Tambaú, sendo que na avenida paralela, a Edson Ramalho, e a maioria, creio que 80% passam no centro histórico.
se alguém tiver de vir e quiser uma ajudinha de informações pequenas, tipo alguns lugares pra visitar, pode ligar pra mim. (83)8862-8124 (operadora oi), não sou guia turístico(não tenho como guiar ninguém pela cidade, afinal tenho trabalho), não cobro nada(minha intenção é passar informações venham auxiliar para que aproveite o melhor possível.)
quanto a gastronomia: temos locais mais sofisticados, com valores um pouco alto (Mangai, TERERE, são alguns exemplos) e temos também ótimos locais acochegantes e com valores bem assecíveis. (Peixada na praia da penha, muito boa e média de R$ 30,00 – da pra 4 pessoas.
Obrigada pelas dicas! 😉
Ola Silvia,
meus parabéns pelo seu bloq, em especial por essa postagem sobre João Pessoa, que é a que me levou a conhece-lo. Sou pessoense, quase guia de turismo (quase porque ainda estou cursando o curso), e apaixonadíssima por esta terrinha… Como boa filha amo saber o que falam dela e como disse o Abner, ao ler teu post me sentir caminhando por aqui com você. Muito obrigada pelas imagens e por partilhar com muitos suas experiencias por aqui, muito me alegra ver que foram positivas. Realmente João Pessoa é linda e muito rica para ser explorada, seja pra turismo cultural, religioso, sol e praia, ecoturismo e outras modalidades.
Seja sempre muito bem vinda, você e todos os outros que passaram por aqui por terem visto seu bloq.
Reforço e confirmo as informações passadas pelo Abner no comentário acima e também me coloco a disposição para ajudar…. (rayzaraiane@globo.com)
Que você continue abençoada por Deus nos levando aos locais sem nem sair de casa.
Deus abençoe.
Ola Silvia
Estou em Joao Pessoa e fiz parte desse roteiro hietorico a que se refere o Elzarii. Foi uma iniciativa importante, mas como turists, confesso que fiquei perdida com o mapa dos roteiros. A numeracao temuma logica que eu so fui entender no hotel, de volta. Precisa melhorar de maneira que quem nao queira fazer o roteiro todo localize com facilidades os monumentos. Afora isso, voce é uma excelente fotografa e seu olhar é muito sensivel e propositivo. Vi tamvem suas dicas sobre o litorsl sul e concordo com sua avaliaçao. Uma atualizaçao: em Coqueirinhos, praia mais bonita, a ameu ver, tem oferta de comida e bebidas a pecos honestos.
abs